Assembleia Municipal de Maputo
“O Parlamento vai ser composto por pessoas infames que não se compadecem com os anseios do povo. A Frelimo queria transformar Moçambique numa Angola onde reduziram UNITA a 10 acentos. Nós resistimos e temos 51 acentos genuínos. Agora, os da Frelimo todos sabem o que significam” – responde Fernando Mazanga, da bancada da Renamo.
Os membros da bancada maioritária na Assembleia Municipal de Maputo, Frelimo, na última ocasião que se reuniu este órgão autárquico da capital do País, desviaram-se do debate sobre os assuntos que inquietam os munícipes, e transformam a sessão numa “escolinha de barulho”. O facto de terem o maior tempo disponível para intervir durante as sessões sobra-lhes e ficam a fazer chacota com as bancadas minoritárias, designadamente do Partido Renamo e do grupo cívico JPC – Juntos Pela Cidade. Neste caso vertente, a vítima foi a Renamo. A Frelimo considera que o partido liderado por Afonso Dhlakama anda a propalar mentiras para os moçambicanos enquanto a Renamo riposta e diz que a Frelimo está a tentar acabar com a oposição para continuar a perpetuar desmandos, mas não vai conseguir os seus intentos.
No último dia da quinta Sessão Ordinária da Assembleia Municipal, na semana finda, a bancada da Frelimo reavivou o cenário dos pleitos eleitorais havidos recentemente no País, para dizer à Renamo que “tal como o peixe que morreu pela boca, a Renamo foi traída pelo mesmo povo que durante a campanha eleitoral andou a enchê-la de promessas para depois averbar uma derrota retumbante”.
“A Frelimo e o seu candidato, presidente Armando Guebuza, venceram com uma maioria retumbante de 2.974.627 de votos, o que corresponde a mais de 75%”, lembraram da bancada da Frelimo em tom de humilhação à formação de Dhlakama.
Os membros da bancada da Frelimo usaram e abusaram do seu poderio numérico para troçar da Renamo. A atitude foi já uma clara amostra do que irá ser o comportamento da Frelimo nos órgãos autárquicos e até na Assembleia da República na próxima legislatura. Assistiu-se na Assembleia da Maputo ao que será Moçambique sem uma oposição insuficientemente representada.
A chacota não poupou o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Embora não esteja representado na Assembleia Municipal de Maputo por não ter concorrido dado que não existir quando se realizaram as últimas eleições autárquicas, não escapou à senda da Frelimo no órgão municipal legislativo da capital: “a Renamo tentou sem sucesso fazer de tudo para enganar o povo, mas este sabe ver. Alguns faziam ginástica de um partido para o outro, mas em vão”, foi dizendo um membro da Frelimo na Assembleia Municipal de Maputo.
Foi praticamente um dia só de provocações à oposição o que se viveu da última vez que a assembleia da cidade de Maputo reuniu. Pensar em soluções para os problemas que apoquentam a urbe e os munícipes, foi coisa que ali não se fez. Só houve chacota contra a Renamo, algazarra e salvas de palmas.
Serão estes autarcas que gastam tempo a fingir que a cidade de Maputo é um mar de rosas enquanto os munícipes sofrem com as mazelas desde buracos nas estradas a drenagem entupida que transformou as urbe num autentico caos? Afinal qual o critério e metodologia de trabalho que os representantes do povo têm nas Assembleia Municipal? São as questões que se o comportamento a que assistimos na Assembleia Municipal prosseguir vão ficar sem soluções. Com as maiorias “esmagadoras” a funcionar e com este comportamento a prevalecer pouca ou nenhuma esperança sobrará.
Reacção da Renamo ao gozo a que a Frelimo sujeitou a sua bancada na Assembleia Municipal
E apesar da inutilidade do tempo gasto pela Frelimo a bancada da Renamo, a Renamo não aproveitou para fazer oposição que dê frutos e responsabilize a Frelimo pelas mazelas na capital do País. Reagiu, irónica, pela voz de Fernando Mazanga, acusando o toque: “eu devia ter vergonha de pertencer a um partido como a Frelimo. Ninguém deve se vangloriar com uma maioria absoluta que só vai trazer sofrimento ao povo. As pessoas que estão nesta sala sabem muito bem o que aconteceu dias antes das eleições. Sabem o que aconteceu com os cartões dos eleitores. Sabemos que aconteceu no dia 28 de Outubro”.
“Todos sabemos que as eleições de 28 de Outubro foram pejadas de irregularidades. Houve inutilização dos boletins de votos. O Parlamento vai ser composto por pessoas infames que não se compadecem com os anseios do povo”,
Adiante Fernando Mazanga acrescentou que “a Frelimo queria transformar Moçambique numa Angola onde a reduziram UNITA a 10 acentos. Nós resistimos e temos 51 acentos genuínos. Agora, os da Frelimo todos sabem o que significam. A Renamo está no Parlamento para trabalhar em prol do povo e denunciar os desvios das coisas públicas e os saques aos cofres do Estado”.
Enquanto estas banalidades acontecem na Assembleia Municipal de Maputo dizer que o Conselho Constitucional continuam sem promulgar válidos os resultados das últimas eleições gerais e provinciais de que a CNE excluiu de participar a maioria dos partidos da oposição, designadamente o MDM que apenas foi permitido a concorrer em 4 dos 13 círculos eleitorais nas legislativas e foi ainda excluído da maioria dos distritos para as provinciais. (Emildo Sambo)
CANALMOZ – 30.11.2009