Em vez de produzir comida
Não obstante as críticas vindas de diversos quadrantes da sociedade civil, sobre a aposta do Governo na produção de biocombustíveis ao invés de comida, o executivo moçambicano volta a reiterar a sua posição de promover a produção daquele produto quando se sabe que o país está a atravessar uma constante crise alimentar que carece de suprimentos.
Quem manifestou que o interesse do governo é prosseguir na senda dos biocombustíveis foi o director de biocombustíveis do Ministério de Energia, António Osvaldo Saíde, que falava na capital do País à margem do seminário sobre biocombustíveis.
O seminário que decorreu em Maputo terminou sexta-feira. Foi organizado pelo Centro de Promoção de Investimentos (CPI) de Moçambique e pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (APEX-Brasil) que conta com o apoio directo do Ministério Brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Participaram do seminário instituições de pesquisa, associações empresariais, entidades governamentais, investidores, empresas fornecedoras de equipamentos e consumos agrícolas, agro-industrial ligada a cana-de-açúcar.
O Ministério de Energia anunciou o interesse do Governo em criar uma plataforma para a promoção de biocombustíveis e apresentou uma política estratégica que visa a promoção e o aproveitamento dos recursos agro energéticos do País.
Segundo o director de biocombustíveis do MINE, o objectivo é contribuir para a segurança energética e desenvolvimento social económico sustentável do País e com a exploração dos recursos agro energéticos, estimular a diversificação da matriz energética, contribuindo para o bem-estar da população e para o desenvolvimento social e económico, em particular das zonas rurais.
Ainda, segundo a mesma fonte, “a necessidade da criação desta plataforma é face à instabilidade e imprevisibilidade dos preços de combustível no mercado internacional”.
Participaram do evento empresas brasileiras ligadas à Arranjo. Vieram a Moçambique para apresentar, através de rodadas de negócios, o potencial brasileiro no sector sucroalcooleiro. Segundo os participantes do seminário, espera-se que bolsas de contacto sejam realizadas entre as partes empresariais moçambicana e brasileira, respectivamente.
“Este evento é uma grande oportunidade para a economia como um todo, principalmente para as nossas empresas que reúnem toda a cadeia produtiva do sector”, destacou o presidente do Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA) do Brasil, José António de Godoy.
Refira-se que passaram pelo evento personalidades como o director do Cepagri, órgão ligado ao Ministério de Agricultura de Moçambique, Roberto Albino, o director do CPI, Momed Rafik, o embaixador do Brasil em Moçambique, António J. M. de Souza e Silva e o embaixador de Moçambique no Brasil, Isac Muragy.
Oportunidade de negócios
Durante o seminário aconteceram rodadas de negócios entre as empresas brasileiras e africanas, somando mais de 80 reuniões até o final da tarde. Segundo o secretário executivo do APLA, Flávio Castelar, estão presentes no evento os principais grupos do sector de cana-de-açúcar do cone sul africano como Illovo Sugar (13 plantas para a produção de etanol), Tongaat Hulett Sugar (nove plantas), TSB Sugar (duas plantas), Companhia de Sena (Grupo Guarani e Tereos), Grupo Sekab, Metha Group Uganda, Ubuhle Renewable Energy, entre outros. Na sexta-feira, realizou-se ainda uma visita técnica à fábrica de açúcar moçambicana em Xinavane pertencente ao Grupo Tongaat Hulett Sugar. (Matias Guente)
CANALMOZ – 23.11.2009