O crescimento económico e a redução de pobreza em África estão intimamente ligados com a qualidade das suas infra estruturas – a electricidade, os sistemas de transporte, o abastecimento de água e o saneamento, e as redes de tecnologias de informação e comunicação (TIC). No clima económico actual, a disponibilidade de recursos financeiros para as necessidades enormes de infra estruturas em África é um desafio enorme. E sem esses recursos, será muito difícil para os governos Africanos alcançar as outras regiões do mundo. As instituições do continente e os parceiros internacionais devem trabalhar juntos para superar este desafio – e rapidamente.
Quando eu penso sobre o estado das infra-estruturas em África, sinto-me ao mesmo tempo encorajada com o que vejo, mas também preocupada.
A percentagem de pessoas em África que vivem dentro do alcance dos serviços de telefonia móvel aumentou de 5 por cento em 1999 para 57 por cento em 2006. Mais de 100 milhões de Africanos tornaram-se assinantes do sistema de telefonia celular no mesmo período. Cerca de 80 por cento da rede de estradas principais em África está em estado bom ou razoável. Mas, penso também em todas as mulheres e crianças em África que andam mais de 2 quilómetros para a sua principal fonte de abastecimento de água. Trinta países Africanos experimentam interrupções crónicas de electricidade e cerca de 560 milhões de pessoas na África Subsariana não tem acesso a energia moderna. Porque apenas um em quatro Africanos tem acesso a electricidade, penso nas crianças que são forçadas a estudar à luz de vela ou os hospitais que não podem conservar os medicamentos adequadamente.
Os investimentos em infra estruturas são agora mais importantes do que nunca. Pois tais investimentos podem ajudar a estimular a economia, eliminar os constrangimentos para o crescimento a longo prazo, e criar empregos. Infra estruturas em bom estado podem aumentar a produtividade dos negócios em até 40 porcento. Na última década, a revolução nas telecomunicações contribuiu para metade do desempenho do crescimento em África; no entanto, durante o mesmo período, as deficiências em infra-estrutura eléctrica impediram drasticamente o crescimento.
Um novo estudo sobre as infra estruturas em África foi recentemente publicado e espero que este estimule o investimento que a África necessita. As Infra estruturas em África – tempo para a mudança, dá aos fazedores de políticas, investidores, grupos de opinião, académicos e à sociedade civil em geral novas informações e análise sobre o estado das infra estruturas e finanças ao redor do continente. O estudo é uma bandeira do Diagnóstico das infra-estruturas dos Países em África (AICD), uma iniciativa que é o resultado de uma parceria entre a União Africana, o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco de Desenvolvimento da África do Sul, o Consórcio de Infra-estruturas para a África, a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África e o Banco Mundial.
De acordo com o estudo, para que a África possa alcançar o nível de infra-estruturas com as outras partes do mundo, ir de encontro com as Metas de
Desenvolvimento do Milénio, e alcançar metas nacionais de desenvolvimento em África dentro de 10 anos, será necessário um investimento anual de $93 mil milhões de dólares. Isto é equivalente a 15 porcento do PIB do continente, duas vezes o investimento estimado pela Comissão para o relatório de África em 2005, e é comparável com o que a China investiu em infra-estruturas na última década. Destes $93 mil milhões de dólares, dois terços são necessários para construir novas infra-estruturas e reabilitar infra-estruturas que estejam em mau estado e um terço é necessário para as operações e a manutenção das instalações existentes.
A boa notícia é que a África já gasta $45 mil milhões de dólares por ano ou quase metade da quantia necessária em termos de infra-estruturas.
Surpreendentemente, dois terços destes gastos são financiados internamente pelo sector público e contribuintes Africanos; um terço vem de doadores e investidores estrangeiros.
A África podia gerar uns adicionais $17 mil milhões de dólares dos recursos existentes melhorando vários aspectos de eficiência, tal como melhor manutenção das infra estruturas, melhorar os procedimentos orçamentais, integração regional mais próxima, reforma institucionais mais rápidas, melhor gestão das redes de serviço, e maior recuperação de custos.
Angariar mais fundos sem abordar as ineficiências seria como despejar água num balde que vaza.
Quando os ganhos potenciais da eficiência são levados ou tidos em conta, a lacuna de financiamento seria de cerca de $31 mil milhões de dólares por ano. No entanto, mesmo depois que todos ganhos de eficiência são considerados, uma lacuna substancial de financiamento de $31 mil milhões de dólares permanecerá, particularmente para as infra-estruturas eléctricas e estados frágeis. Aqui é aonde eu espero que instituições Africanas e as organizações internacionais e investidores se podem juntar.
Vamos assegurar que a lacuna da eficiência de $17 mil milhões de dólares, seja uma prioridade urgente nas políticas dos governos Africanos bem como dos operadores dos serviços. As populações Africanas não podem esperar mais. Este é o tempo para acção.
*Obiageli Ezekwesili é a Vice-presidente do Banco Mundial para a Região de África. O Relatório completo está disponível no site: