“O presidente Guebuza matou a democracia e pretender a acabar com ela, continuamente”
O presidente da Renamo reitera que está a organizar as manifestações contra a CNE e vai ele próprio encabeçar o processo.
O presidente do partido Renamo, Afonso Dhlakama, está a quebrar os equívocos em volta do seu estado de saúde. Certas correntes da sociedade tentaram fazer acreditar que ele se encontrava gravemente doente mas ele tem vindo desde a semana passada, de forma privada, a proporcionar a parte dos órgãos de comunicação social com sede ou representação na cidade de Nampula, entrevistas na sua própria residência. No último sábado, o convite foi para a reportagem do Canalmoz e Canal de Moçambique aqui em Nampula.
Depois uma longa conversa com o nosso repórter, em que vezes sem conta encorajou a atitude e a maneira como os jornalistas do Canalmoz e Canal de Moçambique vem abordando os factos, sobretudo no que respeita a corrupção e partidarização do Estado, Afonso Dhlakama justificou porque não participou no encerramento da reunião da Comissão Política Nacional (CPN) do seu partido, havida muito recentemente em Nampula. “Os membros da Renamo, delegados distritais e a população em geral ficaram a pensar que a reunião da Comissão Política Nacional era para me convencer a recuar na manifestação, por isso tive que ficar a trabalhar ao telefone para esclarecer as pessoas que a CPN reuniu-se para legitimar a manifestação. Foi por isso que deleguei ao Secretário-geral do partido, Ossufo Momade para o encerramento”, começou por afirmar.
“Eu confesso que no primeiro dia tive problemas no joelho esquerdo, mas de imediato tomei medicação e as dores passaram” – disse, entretanto, o líder da Renamo, explicando que “este problema do joelho esquerdo começou durante a pré-campanha, só que naquele dia piorou um pouco”.
O presidente da Renamo disse ainda que “alguns jornalistas” quando notaram a sua ausência da reunião da CPN, “tiraram conclusões precipitadas”. “Começaram a inventar que estou com trombose, que tive um ataque cardíaco”.
“Isso era só para me provocar”…
Dhlakama, tratou igualmente de esclarecer porque não se pronunciou quando o “boato” foi espalhado: “Eu estava a trabalhar ao telefone com o membros da Renamo a esclarecer alguns aspectos a se terem em conta durante as manifestações”. “Foi preciso atender os 128 distritos que este país tem para esclarecer que a reunião não era para me aconselhar a recuar, mas, sim, para legitimar a manifestação. Recebia muitas chamadas”.
Num outro desenvolvimento, Afonso Dhlakama contou que os seus “familiares e também muitos membros da Renamo chegaram a chorar porque já se tinha propalado que eu estava morto”.
Inclusivamente, segundo Dhlakama, andou-se a dizer que “parei numa clínica privada na Sommerchield e noutra em Joanesburgo, na África do Sul”.
Manifestação contra a CNE “vai avançar”
Mais adiante, o presidente do partido Renamo, Afonso Dhlakama reiterou o seu plano e do seu partido, de realizar uma grande manifestação popular. Disse que será comandada por ele mesmo “através de um sistema de comunicação a que todos cabeças de lista da Renamo que concorreram nos diversos círculos eleitorais estarão conectados”. “Não queremos que aconteça nada que viole a lei, porque a Frelimo vai-se aproveitar disso para matar as pessoas, dai que estamos a organizar”.
“Eu Dhlakama quero usar todos os dispositivos legais que foram produto do meu suor, através da luta pela democracia”, disse.
“Eu apenas poderei disparar em legitima defesa, porque a Polícia da República de Moçambique vai querer reprimir o povo”.
“Nós nunca vamos pegar em armas e voltar para as matas, porque os direitos consagrados aos cidadãos na Constituição da República, são fruto da nossa luta, por isso não voltaremos a pegar em AK 47 e ir ao mato, porque no dia que isto acontecer a Frelimo vai festejar e dirá que: tínhamos dito que o Dhlakama não é democrata”, acrescentou o presidente da Renamo.
“A manifestação será feita. Está a demorar por questões organizacionais, porque se não seguirmos a lei, a Frelimo vai-se aproveitar e matar pessoas”.
“Se eu Dhlakama morrer em frente de uma manifestação pacífica, serei um verdadeiro herói” – disse ainda, confirmando dessa forma que ele próprio irá dirigir as manifestações.
Guebuza matou a democracia
Num outro desenvolvimento, Afonso Dhlakama, que comandou a guerrilha na guerra civil que durou 16 anos e culminou com a Assinatura do Acordo Geral da Paz, em Roma, em 1992, lembrou que a Renamo abriu caminho para a Democracia multipartidária, que se vive hoje no País, e disse em conclusão que o “presidente Guebuza matou” essa mesma “democracia e pretender a acabar com ela, continuamente”.
“Temos pena da Frelimo, porque nós, a Renamo, vamos usar a legislação para resolver as coisas de forma pacífica, porque pela natureza da manifestação, o Guebuza, ou o seu porta-voz vai-se sentir pressionado a sentar connosco e nós apenas queremos o anulação dos resultados eleitorais que foram uma autêntica fraude” – disse.
Entretanto, o Conselho Constitucional já deliberou contra a proposta da Renamo de anular as eleições d 28 de Outubro, considerando que o recurso interposto no passado dia 16 de Novembro pelo partido de Afonso Dhlakama, está desprovido de provas que o consubstanciem.
O vogal e porta-voz da CNE, Juvenal Bucuane, logo que o recurso da Renamo foi entregue à CNE para ser encaminhado ao Conselho Constitucional, no mesmo dia, ainda o mesmo não tinha sido apreciado por qualquer instância, disse logo que o mesmo era extemporâneo. O facto do Conselho Constitucional ter agido em conformidade, a coincidência já está a suscitar comentários que sugerem mais uma vez a existência de manipulação política e instrumentalização dos órgão eleitorais. (Aunício da Silva)
CANALMOZ – 07.12.2009