Apesar do Metical ter depreciado houve crescimento económico
- defende Ernesto Gove, Governador do Banco de Moçambique(BM)
“O valor de comércio externo de bens, quando comparado com o período de 2008, baixou em 26.5 por cento devido à redução acentuada das exportações de bens em 760.5 milhões de dólares americanos, perante uma queda acentuada das importações no valor de 483.7 milhões de dólares”, anotou no entanto o BM, dando conta que o défice da balança de transacções correntes do País aumentou em 300 milhões de dólares para 861 milhões (quando excluídas as transacções dos grandes projectos).
Apesar de o Metical ter acumulado uma depreciação nominal mais elevada face à moeda sul-africana e ao dólar norte-americano em 46 e 27 por cento, respectivamente, o Banco de Moçambique, socorrendo-se da crise financeira à escala global que afectou as economias mundiais, aponta que a economia moçambicana registou nos primeiros nove meses de 2009 um crescimento real acima das previsões iniciais. Regista-se assim uma expansão anual de 6.5 porcento na dinâmica da agricultura, construção, hotéis e restauração, transportes e comunicações, serviços financeiros e administração pública, disse.
Este anúncio foi feito pelo Governador do Banco Central, Ernesto Gove, por ocasião do encerramento do ano económico 2009. O mesmo dá ainda conta que o bom desempenho do sector agrícola reconforta a economia do País por ser a principal fonte de emprego e de rendimento de milhares de famílias, para além de gerar os bens de consumo da grande maioria da população moçambicana.
“Ademais, este crescimento é consistente com a opção estratégica de o Governo fazer do distrito, um pólo de desenvolvimento do País, para além de constituir o reflexo inicial da implementação do Plano de Acção para a Produção de Alimentos”, afirmou o Governador do Banco de Moçambique.
Ernesto Gove apontou ainda que ao longo de
Para o Governador Gove, os preços de frutas e vegetais evoluíram no mesmo sentido, passando de 5.8 por cento em Dezembro de 2008, para 2,1 por cento em Novembro de 2009. “A desaceleração da inflação no ano em revista reflecte a conjugação de factores, sendo de destacar, o impacto positivo das medidas macroeconómicas tomadas pelas autoridades no quadro da crise financeira internacional e de cereais bem como a queda dos preços internacionais das mercadorias que o País importa, ou ainda a desaceleração da inflação na África do Sul”, disse Gove.
Pressão sobre o Metical
Entretanto, o Banco de Moçambique dá conta que no decurso deste ano foi notório no País uma pressão sobre a procura de notas e moedas em trânsito. Este fenómeno, segundo o Governador Ernesto Gove, esteve associado às mudanças que estão a ter lugar na economia como a descentralização financeira do Estado, a execução dos orçamentos de investimentos de iniciativas locais e uma maior utilização do metical na comercialização agrícola de alguns produtos antes transaccionados nas moedas dos países vizinhos.
A avaliar pelos dados provisórios referentes aos primeiros nove meses do ano prestes a terminar, o Banco de Moçambique nota que a balança de pagamentos foi particularmente afectada pelos efeitos da crise financeira.
“Com efeito, o valor de comércio externo de bens, quando comparado com o período de 2008, baixou em 26.5 por cento devido à redução acentuada das exportações de bens em 760.5 milhões de dólares americanos, perante uma queda acentuada das importações no valor de 483.7 milhões de dólares”, anotou o BM, dando conta que o défice da balança de transacções correntes do País aumentou em 300 milhões de dólares para 861 milhões (quando excluídas as transacções dos grandes projectos).
Contudo, apesar da magnitude das intervenções que foram realizadas no mercado cambial, o Banco de Moçambique refere através do seu Governador, que as reservas internacionais líquidas aumentaram em 127 milhões dólares, tendo o seu saldo se fixado em 1,770 milhões de dólares em 15 de Dezembro. Tal corresponde a seis e oito meses de cobertura de importações totais de bens e serviços não factoriais, quando incluídas e excluídas as operações dos grandes projectos.
Do sistema financeiro ao sistema de pagamentos
O Governador do Banco de Moçambique apontou ainda que a supervisão bancária se revelou importante para a minimização do impacto da crise sobre o sector financeiro moçambicano, tendo os principais indicadores de solidez financeira se mantido como um sistema são e estável.
“A par da vigilância mantida sobre o sistema financeiro, evidencia-se que o rigor e o profissionalismo manifestado pelos gestores e colaboradores das instituições bancárias permitiu que o mesmo continuasse a exibir sinais de solidez e robustez”.
Entretanto, não obstante a forte expansão do crédito à economia registada neste ano até Setembro, o rácio de crédito manipulado situou-se em 2 por cento, idêntico a Dezembro de 2008.
A Banca aponta ainda ter-se verificado durante o presente ano a contínua expansão da rede de balcões de bancos comerciais, concorrendo para que mais moçambicanos tenham acesso a serviços financeiros para que possam canalizar as suas poupanças ao sistema bancário.
Moçambique conta actualmente com cerca de 398 balcões autorizados dos quais 340 já se encontram em funcionamento cobrindo desse modo todas as cidades e 44 vilas municipais dos 128 distritos do País.
Perspectivas para 2010
O Banco de Moçambique aponta que para
A actuação em 2010, segundo as perspectivas da banca, estará em linha com os objectivos económicos definidos pelo Governo que estabelecem um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 5.4 e 6.4 por cento, uma inflação média anual de 9.5 por cento e uma posição das reservas internacionais líquidas que garanta cinco meses de cobertura de importações totais quando incluídos os grandes projectos. (Alexandre Luís)
CANALMOZ – 22.12.2009