Para o juiz Marrôa, o mais importante é a descoberta da verdade material e ela só poderá ser feita ouvindo novamente os réus sobre factos contraditórios e novos que foram surgindo ao longo das sessões.
Apenas sabe-se que os cinco co-réus voltarão a ser ouvidos, desconhecendo-se a lista dos outros declarantes arrolados provavelmente para acareá-los com o quinteto que está a ser julgado desde o passado dia 16 de Novembro.
Findo este processo, na terça-feira o Procurador Miguel Cândido e a defesa irão apresentar as suas alegações finais, tentando provar a inocência ou menor envolvimento dos seus clientes nos crimes de que vêm acusados nos autos. Com este exercício o tribunal dará por encerrado o processo de produção de provas e o juiz dará a conhecer a data para a leitura da sentença do caso que tem como réus Diodino Cambaza, Antenor Pereira, Deolinda Matos, António Munguambe e António Bulande.
Entretanto, Arlindo Chilundo, Director da Escola Central do Partido Frelimo, ouvido na condição de declarante, explicou esta semana ao tribunal desconhecer em que circunstâncias foi feito o pagamento de pouco mais de cinco milhões de meticais à empresa Caluminius, que executou as obras de reabilitação das instalações daquele estabelecimento. Confirmou apenas terem sido realizados os trabalhos mas sem, no entanto, saber de onde provinham os valores, tanto mais que não chegou a vê-los.
“Em nenhum momento fui abordado sobre o pagamento. O que nós tívemos foi um almoço em que lançamos um apelo aos nossos militantes para a necessidade de contribuírem para a melhoria da escola que estava a clamar por obras de reabilitação. Recebemos ofertas em bens e serviços, mas não em dinheiro, aliás, uma prática que sempre vem decorrendo. Cambaza foi à escola falar comigo, dizendo que tinha uma oferta por fazer, mas não me entregou nenhum valor e nem sei dizer se o dinheiro pago à empresa saiu do bolso dele ou se foi dos Aeroportos, tanto mais que depois do encontro não soube de mais nada” – disse.
O Administrador do Património da Frelimo, Armando Simbine, também alinhou pelo mesmo diapasão, afirmando não saber de nada sobre os pagamentos das obras em causa, alegando que a escola é autónoma. Antes da sua audição, o juiz Dimas Marrôa mostrou-se agastado com o facto de o tribunal ter oficiado a Frelimo no dia 3 de Dezembro para indicar alguém que pudesse comparecer em sede de julgamento para explicar sobre o assunto dos valores, o que não aconteceu.
Por seu turno, Lázaro Chongo, antigo chefe do gabinete de auditoria na ADM, confirmou informações avançadas por um dos seus colegas ouvidos em tribunal, segundo as quais Cambaza nunca autorizou que se efectuasse qualquer auditoria ao sector Financeiro.