Egípcio que apoiou lutas pelas independências integra Comissão Africana
O egípcio, Mohamed Fayek, que nos anos 50 e 60 desempenhou papel de relevo no apoio do Egipto aos movimentos de libertação africanos, é o novo comissário da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos responsável para o sector dos refugiados, pessoas em busca de asilo e pessoas deslocadas internamente. A nomeação de Mohamed Fayek foi confirmada no decurso da última sessão ordinária da Comissão Africana, realizada em Banjul em Novembro.
Mohamed Fayek é um antigo activista dos direitos humanos, tendo ocupado diversos cargos relacionados com essas áreas, nomeadamente a de secretário-geral da Organização Árabe para os Direitos Humanos e de vice-presidente do Instituto Árabe para os Direitos Humanos. Foi ministro da informação do governo de Abdel Nasser, e posteriormente ministro de Estado para os Negócios Estrangeiros e conselheiro junto da Presidência da República para os Assuntos Africanos e Asiáticos. De
Relativamente a Moçambique, Mohamed Fayek evidenciou-se pelo apoio concedido aos movimentos que viriam a integrar a Frelimo, e posteriormente, quando no seio da Frente de Libertação de Moçambique surgiram clivagens de ordem ideológica, foi influente na concessão de asilo político a destacadas figuras do nacionalismo moçambicano. O Reverendo Uria Simango beneficiaria da solidariedade do Egipto, passando a viver neste país juntamente com a família na sequência do golpe no seio da Frelimo e que se traduziu na tomada do poder pela dupla Marcelino dos Santos-Samora Machel em 1970.
Após o 25 de Abril, Simango e outros exilados políticos regressariam a Moçambique com o objectivo de criar as bases para uma nação independente e democrática. Com a conivência dos senhores de Abril, a dupla Marcelino-Machel daria continuidade à política de cerceamento aos direitos e liberdades democráticas, prendendo e fuzilando sumariamente os que se lhe opunham. A democracia em Moçambique só viria a registar avanços como consequência da acção da resistência contra o regime totalitário. Como corolário dessa acção, foi introduzido o multipartidarismo e alicerçadas as regras democráticas no país, processo que continua a enfrentar as mesmas vicissitudes e agruras por parte daqueles que em Junho de 1975 haviam traído a luta pela independência nacional, impondo à nação novas formas de ditadura. (Redacção)
CANALMOZ – 23.12.2009