Alegadas manifestações em Nampula
– Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da PRM
Ontem, durante o habitual briefing semanal, Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da PRM, deixou claro que a Polícia está a patrulhar a casa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Referiu ainda que se for necessário aumentar o efectivo para o patrulhamento não haverá meios a medir uma vez que se deve proteger a ordem e segurança pública face à alegação de manifestações por esta força política desde há dois meses.
De recordar que há sensivelmente dois meses que várias equipas de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), Polícia de Protecção (PP), Força de Intervenção Rápida (FIR), Polícia de Trânsito (PT), Polícia Militar (PM) entre outras brigadas da corporação, são escaladas diariamente para patrulhar, vigiar e impedir quaisquer que sejam os movimentos de manifestação levados a cabo na capital do Norte, Nampula, pelo líder da maior força da oposição, Afonso Dhlakama. Estranhamente, Pedro Cossa, contra toda lógica da azáfama policial, dizia que ainda não tinha chegado às mãos da Polícia nenhuma informação ou ordem no sentido de se tomar qualquer acção referente às manifestações da Renamo.
Maríngue é também vigiado
Ainda segundo o porta-voz do Comando Geral da PRM, o Distrito de Maríngue está relativamente calmo. Falava especificamente de segunda-feira e mais propriamente de logo após a validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional. Referiu, contudo, qual foram escalados agentes da corporação policial para controlar as alegadas manifestações.
Concluiu ainda que todo o dispositivo policial em Nampula justifica-se apenas para controlar a ordem e segurança pública. (Conceição Vitorino)
Ocorrências da última semana
Falando das ocorrências criminais da semana passada a nível nacional, momento que coincidiu com a celebração da Festa do Natal, o porta-voz do Comando Geral da PRM disse, no briefing semanal com a Imprensa que foram detidos 723 indivíduos em todo o País, sendo 10 indiciados a crimes com recurso a arma de fogo, 173 moçambicanos repatriados do território sul-africano, 593 violadores de fronteiras e 8 imigrantes clandestinos.
71 mortes em acidentes de viação
Em apenas uma semana, no concernente a acidentes de viação, a PT registou 117 casos, dos quais resultaram 71 óbitos, 100 feridos graves e 94 ligeiros.
Destes casos se destacam 50 atropelamentos, 34 choques entre carros, 18 despistes, 18 capotamentos, 9 choques entre carro e moto, três quedas de passageiro e igual número contra obstáculo fixo.
Foram igualmente fiscalizadas 14.374 viaturas nas estradas moçambicanas, aplicadas 3.178 multas e apreendidas 485 cartas de condução e 145 viaturas.
(Conceição Vitorino)
Intimidação política em Nampula
PRM prende membros da Renamo na cidade de Nampula
A Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve na tarde desta segunda-feira no bairro de Mutauanha, arredores da cidade de Nampula, dois membros do partido Renamo, nomeadamente Janeiro Bernardo e Victor Manuel, respectivamente delegado do posto administrativo urbano de Muatala e do bairro de Mutauanha.
Em entrevista à comunicação social na manhã de ontem (terça-feira) no recinto da 1ª Esquadra da PRM em Nampula, os detidos afirmaram desconhecerem os motivos que os levaram a serem recolhidos ao calabouço, afirmando apenas que estavam a organizar uma reunião com uma delegação da Comissão Política da Renamo a nível da cidade de Nampula para falarem do anúncio da validação dos resultados.
Janeiro Bernardo apontou haver uma mão política do lado da Frelimo para a detenção deles, como forma de intimidar outros simpatizantes e membros do partido Renamo membros a não aderirem às estratégias de repúdio dos resultados eleitorais de 28 de Outubro último. Afirma não estar arrependido de estar envolvido na organização dos cidadãos.
Bernardo e Manuel estavam detidos até pelo menos à manhã de ontem. Classificam ambos como violação dos seus direitos o facto da Policia os ter detido.
Porta-voz da PRM engasgado
Depois da conferência de imprensa no Comando provincial da PRM em Nampula, Orlando Mudumane, perante os factos acabou por aceder responder a algumas questões.
A nossa reportagem questionou-o se uma reunião pacífica dentro do território moçambicano constitui algum crime e se é legal que se detenha pessoas e se façam apreensões. Ele respondeu que não, confirmando assim que a corporação de que é membro agiu de má fé e com vincada tendência partidária, abrindo um precedente perigoso no País de violação de princípios constitucionalmente consagrados.
Mudumane disse ainda não ter certeza se, de facto, os membros da Renamo estavam mesmo preparando a propalada manifestação. (Aunício da Silva)
CANALMOZ – 30.12.2009