O espectro de desespero que paira no seio de muitos adeptos dos Mambas que querem deslocar-se a Angola, para de perto presenciar o CAN-2010, devido aos complicados procedimentos burocráticos para a obtenção do visto junto da embaixada de Angola em Maputo, está em vias de ser minimizado graças à pronta resposta do sector privado nacional. Com efeito, enquanto o governo moçambicano continua sem conseguir dar resposta a algumas das preocupações dos adeptos dos Mambas que querem in loco acompanhar algumas partidas do CAN, mormente no que tange aos custos dos vistos de entrada, o sector privado está a assumir a dianteira sendo que esta segunda- feira foi rubricado um acordo entre o Millennium bim e a agência de viagem Golden Travel.
Plano “B”
O acordo concede algumas facilidades de endividamento àqueles que, mesmo não dispondo de meios financeiros, pretendem deslocar-se a Angola, bastando para tal se dirigirem aos balcões daquela instituição financeira ou à agência retromencionada. Mas o calcanhar de Aquiles prende-se com os valores dos quatro pacotes postos à disposição que variam entre
Recentemente, o ministro da Juventude e Desportos, Fernando Sumbana Júnior explicou ao SAVANA que a instituição que dirige tudo tem vindo a fazer por forma a que muitos moçambicanos acompanhem in loco o CAN.
Garantiu, na ocasião, haver pessoas indicadas que trabalham directamente nesse assunto, para além da boa colaboração e abertura da contra-parte angolana.
Sumbana dava o prazo de 10 dias para que as dificuldades fossem minimizadas, prazo esse que já foi largamente ultrapassado.
Caricato
O mais caricato é que as dificuldades surgem numa altura em que foi assinado em Maputo um acordo entre a companhia aérea de Moçambique (LAM) e a sua congénere de Angola (TAAG) visando flexibilizar os procedimentos para a deslocação de pessoas (adeptos) àquele país.
Para já, a agência de viagens Golden Travel e o Millennium bim estão esperançados que muito mais pessoas adiram aos pacotes promocionais visando levar os seus clientes ao CAN.
São no total quatro pacotes, os quais incluem viagem, transfer, alojamento, pequeno-almoço e bilhetes para os jogos da primeira fase. Esses pacotes dão possibilidades aos clientes de assistirem ao 1º, ao 1º e 2º, ao 3º ou a todos os jogos a realizar-se em Benguela e Lubango.
Um dos pacotes custa 2400 dólares e compreende a partida para Angola a 19 de Janeiro e o regresso a 21 do mesmo mês. Inclui ainda, para além da passagem aérea Maputo/Luanda/ Maputo, o transfer de Luanda/Lubango/Luanda; duas noites de acomodação em Luanda, pequeno-almoço, visto de entrada e ingresso no recinto de jogo.
Não estão contemplados neste pacote refeições e bebidas e itens de natureza pessoal.
O outro pacote ao preço de 2270 dólares (partida a 11 de Janeiro e regresso a 14 do mesmo mês) inclui a passagem aérea Maputo/Luanda/Maputo - via Joanesburgo; transfer de Luanda/Benguela/Luanda; 3 noites de acomodação; pequeno-almoço, visto de entrada e acesso ao local da partida.
O outro pacote, ao preço de 3200 dólares, inclui a passagem aérea Maputo/Luanda/ Maputo, transfer de Luanda/Benguela/Luanda, seis noites de acomodação, pequeno-almoço, visto de entrada e acesso ao campo.
O último pacote, no valor de 4840 dólares (partida a 11 de Janeiro e regresso a 22 de Janeiro) inclui, para além da passagem aérea Maputo/Luanda/ Maputo, 11 noites de acomodação em Luanda; transfers Luanda/Benguela/Luanda, pequeno-almoço, visto de entrada e ingresso no recinto de jogo.
Aderência ainda fraca
Falando à comunicação social, o administrador executivo da Golden Travel, António Maló explicou que ainda há espaço para que muitos interessados se desloquem para aquele país irmão através dos serviços da instituição que representa e do Millennium bim.
Segundo ele, a questão dos vistos de entrada que, como se sabe, tem vindo a dividir a opinião pública, está salvaguardada bem como outros aspectos relacionados com o processo.
“Não há motivo de preocupação, basta o senhor adquirir o pacote, o resto é da nossa responsabilidade”, disse António Maló.
Os preços dos quatro pacotes apresentados são considerados insustentáveis para muitos moçambicanos de baixa renda, tanto assim que não contemplam a componente alimentação.
Antes da apresentação desses pacotes, a Federação Moçambicana de Futebol, na voz do seu presidente, Feizal Sidat questionava os valores do visto fixados em 100 dólares, alegando que esses valores eram demasiadamente altos tendo em conta as reais capacidades de muitos moçambicanos.
Feizal Sidat disse na ocasião ter apresentado a preocupação ao presidente da COSAFA, sendo que o assunto já vinha mexendo aquele organismo regional.
Plano “A”
Está claro que pode-se deslocar a Angola para assistir aos jogos do CAN sem recorrer aos serviços da agência de viagens, ou seja, sem subscrever um dos pacotes atrás referidos.
Assim, uma pessoa que queira assistir aos jogos do CAN a título individual e não institucional deve formular um pedido por escrito manifestando interesse nesse sentido e explicando as razões subjacentes a essa deslocação.
Cumprido esse primeiro passo, e porque a resposta não aparece no mesmo dia, tem pelo menos 24 horas para conhecer o despacho. No caso de se tratar de uma instituição os requisitos são os mesmos.
Estes procedimentos estão a deixar agastados muitos moçambicanos adeptos dos Mambas que querem acompanhar os jogos da nossa selecção.
E o deferimento é apenas uma parte do longo e penoso processo a que o requerente vai ter que se submeter, pois terá de apresentar uma série de documentos e 100 dólares do visto pagos no acto da entrega dos mesmos.
Equivale isso dizer que quem optar pelo plano “A” vai submeter-se a uma série de exigências, desde a formulação do pedido, espera da resposta, apresentação da diversa documentação até à obtenção do visto, num exercício bastante complicado.
Por estas e outras razões, se nos próximos dias as autoridades governamentais não encontrarem outras formas de flexibilização dos procedimentos fica claro que o plano “B” é o que realmente vai atrair mais pessoas.
SAVANA – 25.12.2009