Em contacto com a nossa Reportagem, alguns partidos políticos nacionais mostraram-se cépticos quanto à existência de prováveis surpresas no mapa final dos resultados das eleições de Outubro, alegando que o Conselho Constitucional apenas irá “carimbar” o veredicto já tornado público pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) em torno desta matéria.
Yá-Qub Sibindy, que neste sufrágio apoiou incondicionalmente a candidatura de Armando Guebuza à Presidência da República, afirmou que, depois de um “aturado trabalho jurídico-constitucional, o Conselho Constitucional irá legitimar a vitória da Frelimo e de Armando Guebuza”.
“Não vejo razões nenhumas para se alterar os resultados já divulgados pela CNE. As eleições foram ordeiras, pacíficas, participativas e, sobretudo, livres e justas. A hipotética fraude propalada pela Renamo não tem razão de ser, porque até os observadores nacionais e internacionais foram unânimes em afirmar que os erros que se verificaram em nada influenciam o resultado final da votação”, disse.
Kalid Sidat, líder do ALIMO, corroborou com as palavras de Sibindy, acrescentando ainda que o nível de participação neste pleito “foi relativamente melhor em relação às últimas duas eleições para a AR e Presidência da República”, disse.
No passado mês de Novembro, a Comissão Nacional de Eleições, através do respectivo Presidente, Leopoldo da Costa, declarou Armando Emílio Guebuza e o partido Frelimo vencedores das quartas eleições presidenciais e legislativas de 28 de Outubro último no país.
Na eleição presidencial, Armando Guebuza conseguiu amealhar 2974 627 votos, de um total de 3922 178 validamente expressos, o correspondente a 75,46 porcento do total nacional. Armando Guebuza confirma assim a vitória para a sua própria sucessão na Chefia do Estado, cargo para o qual foi eleito pela primeira vez em 2004.
Pela quarta vez consecutiva, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, foi o segundo candidato mais votado neste tipo de eleição, ao reunir 650 679 votos, ou seja, 16,51 porcento dos votos considerados válidos e Daviz Simango, que concorria pela primeira vez, obteve 340 579 votos, o correspondente a 8,64 porcento.
No que respeita à eleição legislativa, apenas estas três das 19 formações políticas concorrentes conseguiram eleger deputados. Assim, a Frelimo arrecadou, no total, 191 dos 250 assentos da Assembleia da República, enquanto a Renamo ficou com 51 e o MDM com oito.
No que diz respeito à distribuição de mandatos por província, a CNE refere que no Niassa, dos 14 mandatos em disputa, a Frelimo fica com 12 e a Renamo com dois; em Cabo Delgado, a Frelimo consegue 19 dos 22 mandatos e a Renamo três; em Nampula, com 45 mandatos disponíveis, o partido no poder faz eleger 32 deputados e a Renamo 13. Na Zambézia, também com 45 mandatos, a Frelimo volta a conseguir a maioria, 26, contra 19 da Renamo; em Tete a Frelimo fica com 18 dos vinte assentos e a Renamo com os restantes dois; em Manica a Frelimo fica com 12 e a Renamo com quatro dos 16 disponíveis; em Sofala a distribuição dos 20 assentos foi feita a três: a Frelimo ficou com 10, a Renamo com cinco e o MDM também com cinco.
Em Inhambane a Frelimo fez eleger 15 do total de 16 deputados e a Renamo apenas um. Em Gaza cumpriu-se a tradição. A “perdiz” voltou a não eleger nenhum deputado, ficando a Frelimo com o total dos 16 assentos. Também na província do Maputo a tradição prevaleceu. A Frelimo elege 15 e a Renamo um, enquanto que na Cidade de Maputo, os 18 assentos foram repartidos por três, ficando a Frelimo com 14, a Renamo com um e o MDM com três.
Na diáspora a Frelimo fez eleger os seus concorrentes a deputados em África e na Europa, ficando assim com os dois lugares em disputa.
No que tange às provinciais, a Frelimo voltou a ficar com a maioria dos assentos. Dos 807 assentos em disputa em todas as províncias, a Frelimo conseguiu obter 699 e os restantes foram divididos entre a Renamo, MDM e PDD, de Raul Domingos.
Para estas eleições concorreram três candidatos às presidenciais, nomeadamente Armando Guebuza, Afonso Dhlakama e Daviz Simango, para além de 19 formações políticas. Destas, 17 são partidos políticos e duas coligações de partidos. Os concorrentes foram, nomeadamente, Frelimo, Renamo, MDM, ALIMO, PT, UDM, PARENA, Ecologistas, PDD, UE, PPD, UM, PVM, MPD, PLD, PANAOC, PAZS, PRDS e ADACD.