O NÍVEL da inflação projectada passará de 2 a 3 porcento este ano para um pico de 9,5 porcento em 2010, num cenário que para o Banco de Moçambique vai dar espaço para que a economia possa crescer. O Governador do Banco Central, Ernesto Gove, defendeu há dias que o país esteve a enfrentar, este ano, os reflexos da alta dos cereais registada em 2008 pelo que as medidas que foram tomadas quer pelo Banco quer pelo Governo visavam amainar o efeito dessa subida nos cereais, por um lado, e por outro, congelar os aumentos registados nos combustíveis.
Ernesto Gove apontou que ao nível do Banco Central foram feitas várias intervenções no mercado cambial para que a taxa de câmbio não sofresse muita depreciação. “O que se verifica é que a inflação doméstica é determinada também pelo nível da taxa de câmbio, ou seja, quanto maior for a depreciação do metical, a inflação interna também tende a ser maior, porque os bens importados têm um peso significativo no índice de preço ao consumidor”, explicou.
A fonte também reconheceu que quando os preços dos bens são administrados há sempre uma ineficiência que se transmite à economia pelo que as medidas que foram tomadas este ano tiveram em conta este entendimento de que não é uma boa política administrar os preços.
Dirigindo-se a jornalistas à margem da cerimónia do encerramento do ano económico de 2009, a fonte acrescentou que a política monetária em 2010 terá que ser gerida de forma cautelosa, tendo em atenção que será necessário amortecer o impacto do alinhamento dos preços dos combustíveis líquidos no mercado doméstico, que resultar da retirada gradual dos subsídios preanunciada pelo Governo.
Admitindo que esta retirada de subsídios terá um efeito multiplicador nos vários sectores da economia o Governador do Banco Central reconheceu que o país poderá ter uma inflação relativamente mais elevada. Contudo, como a inflação é uma variável importante para o investidor há que se fazer todo o possível para que esse indicador se situe a um dígito.
“Naturalmente, que se esse indicador for abaixo dos 9,5 porcento melhor, mas se for 9,5 porcento também não haverá problema nenhum porque é preciso dar uma folga para o crescimento da economia”, defendeu Gove.
Para além da inflação, aquele gestor indicou outros desafios na actuação do Banco para 2010, destacando os objectivos económicos definidos pelo Governo que estabelecem um crescimento do Produto Interno Bruto entre 5,9 porcento e 6,4 porcento e uma posição das reservas internacionais líquidas que garanta 5 meses de importações totais, quando incluídos os grandes projectos.
Apontou igualmente, como objectivos intermédios do Banco, a expansão monetária de 18,3 porcento compatível com um crescimento do crédito à economia ligeiramente acima da expansão do PIB nominal e um crescimento da Base Monetária, em torno de 16 porcento.