A nível internacional
- revela o relatório sobre «Preços e Conjuntura Financeira» do Banco de Moçambique (BM) recentemente publicado
Um relatório do Banco Central de Moçambique (BM) apresenta a evolução económica internacional e em particular dos países da Comunidade para o Desenvolvimento Económico da África Austral (SADC) – de que Moçambique faz parte - analisando os seus aspectos macro e microeconómicos tendo em conta a recente crise económica que abalou o mundo. Na análise feita e apresentada no documento, os indicadores referentes ao terceiro trimestre, isto é, até finais de Setembro passado, dão conta que o panorama económico internacional foi caracterizado pelo abrandamento da actividade económica nas economias mais avançadas, aumento do desemprego, restrições no acesso ao crédito e manutenção da deflação.
Segundo o relatório, as projecções mais recentes, isto é, até finais de Setembro, sugerem um cenário mais optimista até finais deste ano particularmente no que se refere ao crescimento económico quando comparado com as previsões divulgadas em Julho último devido à rápida recuperação das economias emergentes, com destaque para a China e a Índia.
Na análise feita e publicada no relatório que estamos a citar, para o continente africano, as últimas previsões apontam, para o presente ano, um crescimento económico numa magnitude superior à anteriormente projectada devido ao impacto das medidas e políticas implementadas pelos respectivos governos, tendentes a mitigar os efeitos da crise através de estímulos “na procura agregada e manutenção dos níveis de emprego no sector formal”.
Redução da inflação
Relativamente à inflação em África, o cenário é igualmente optimista, perspectivando-se para 2010 o abrandamento do nível geral dos preços, sobretudo nas economias da SADC.
O relatório acrescenta ainda que nas economias da região se observou uma contínua desaceleração da inflação, à excepção do Botswana, Tanzânia e Zâmbia, o que contrariou as pressões inflacionárias registadas no período homólogo do ano passado em resultado do aumento do preço internacional de combustíveis e de alimentos.
Moçambique no comércio internacional
No caso concreto de Moçambique, ao nível do comércio internacional, os preços médios dos bens com impacto na balança de pagamento registaram, até Setembro último, um comportamento misto. “ De entre as mercadorias importadas, houve redução do preço médio do trigo e do milho perante um incremento do preço médio do arroz. Do lado das mercadorias exportadas houve incremento do preço médio do açúcar e do alumínio contra uma diminuição do preço médio gás natural”, aponta o relatório que estamos a citar.
Até Setembro passado, o Banco Central afirma que o mercado interno moçambicano foi marcado pela contínua desaceleração do nível geral dos preços tendo se situado, em termos gerais, “nos 1.37 por cento em Setembro de 2009, comportamento justificado pela revisão, em baixa, do preço dos combustíveis, no primeiro trimestre do ano, e seu congelamento nos trimestres seguintes, aliado á redução da inflação na África do Sul, queda dos preços internacionais dos cereais e impacto sazonal de uma maior oferta interna de frutas, vegetais e legumes”, diz o documento.
Outros dados sobre o país
Relativamente ao desempenho do sector real da economia do país, o Banco de Moçambique cita o Instituto Nacional de Estatística (INE) para dar a indicação de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu para 6.5 por cento até Setembro passado, após 6.1 por cento em Julho. Este crescimento reflectiu-se na evolução positiva de todos os sectores com a excepção do sector da indústria transformadora - a que é tida como a mais prometedora - destacando se a Agricultura, Construção, Hotéis e Restaurantes. “Houve melhoria do clima económico no terceiro trimestre e trajectória acompanhada pelo indicador de expectativa de emprego”, indica o relatório sobre «Preços e Conjuntura Financeira» do Banco de Moçambique.
“Dados provisórios relativos à execução do Orçamento do Estado apontam para uma realização das despesas totais e empréstimos líquidos acima da arrecadação de receitas resultando num agravamento do défice. Com efeito as receitas anuais cresceram para 33.803 milhões de meticais representando 13 por cento do PIB projectado para 2009 perante um crescimento das despesas totais e empréstimos líquidos para 58,946 milhões de meticais.
O documento que estamos a citar indica que a taxa de câmbio do metical em relação ás moedas dos principais parceiros comerciais de Moçambique se mostrou flutuante, fazendo com que a depreciação nominal acumulada ascendesse a 9.65 por cento face ao dólar americano e 40.8 e 16.4 por cento em relação ao rand e euro, respectivamente. “Dados provisórios indicam que, nos primeiros nove meses de 2009, o valor do comércio externo de bens baixou em 26,5 por cento comparativamente ao período homólogo de 2008 devido à redução das exportações. A conta corrente do país saldou se num défice de 561 milhões de dólares montante que aumenta em 300 milhões para 861 milhões quando excluídas as transacções dos grandes projectos”, diz a nossa fonte. (Alexandre Luís)
CANALMOZ – 14.12.2009
