A quase estagnação do sector deve-se em grande medida à falta de quadros formados, se se atender que maior parte dos 175 novos empregados admitidos no ramo do turismo este ano não tem qualquer preparação.
Quase todos os 236 estabelecimentos hoteleiros e similares existentes na província admitem que uma das grandes constrangimentos à evolução do sector do turismo relaciona-se com a falta de pessoal qualificado.
Entretanto, uma das prioridades do Governo de Nampula para o próximo ano, no domínio do Turismo é a criação de condições básicas de acomodação e diversão nas zonas do interior da província.
“Temos potencialidades nas zonas do interior que achamos que podem atrair as atenções dos turistas, fazer turismo não é só tomar banho e deitar-se na praia. A caça também faz parte de turismo” - explicou Rodrigues Machoco.
Como primeira acção para incentivar outros investidores, o Governo central, através do Fundo Nacional de Turismo, vai investir 10 milhões de meticais no próximo ano, para a construção de alguns hotéis no interior da província, no âmbito do “Projecto Capulana".
Todavia, operadores entendem que não bastam boas intenções para mobilizar investimentos. É preciso que as estradas da província sejam melhoradas.
UM MILHÃO PARA NOVOS HOTÉIS
A província de Nampula tem vindo a registar ao longo dos últimos dois anos investimentos assinaláveis na área de construção e reabilitação de unidades hoteleiras.dados estatísticos a que o “Notícias” teve acesso indicam que ao longo deste ano foi investido perto de um milhão de meticais na construção ou reabilitação de 15 unidades, com destaque para dois “Lodges” nas praias do distrito de Mossuril e Memba e reabilitação completa do Hotel “Lurio”.
Segundo Rodrigues Machoco, director provincial substituto do sector de Turismo estes investimentos contribuíram para a subida do número de quartos para 2024 quatros.
Todavia, as fraca capacidade financeira da maior parte das população residente na província de Nampula impedem que o investimento seja viabilizado.
Dos 37.440 turistas que até à primeira semana de Dezembro visitaram a província de Nampula, 24.240 são estrangeiros.
Para além de problemas financeiros, a população queixa-se de focos de racismo protagonizados pelo pessol de atendimento nos hoteis, facto que aliás, é reconhecido pelos pelas autoridades do pelouro.
A prática de racismo em unidades hoteleiras é punido por lei em Moçambique. Segundo a Lei 4/2004, de 17 de Junho, o fornecedor de serviços turísticos deve presta-lo sem discriminação das pessoas em função da nacionalidade, condição social, raça, sexo e origem étnica.
Em Memba, há informações segundo as quais a população local está proibida de usar a praia localizada defronte do “Lodge”, sob protesto de se tratar de área exclusiva para os hóspedes daaquela estância turística.
Nas Chocas Mar, distrito de Mossuril são também reportados casos de interdição de banhistas que não estejam hospedados em complexos turísticos ali existentes, chegando-se a ponto de montar cancelas em estradas públicas.
A prostituição, principalmente a infantil, é um outro mal que afecta o turismo moçambicano.
“Acredito que isso (prostituição infantil) pode estar a ocorrer numa dimensão muito pequena”, frisou Rodrigues Machoco, para quem a Ilha de Moçambique seria o local ideal para a medição do fenómeno, uma vez tratar-se muito visitada por turistas.