O clima de “crispação pseudo-política” em que o país está mais uma vez imerso, ostentado vigorosamente através de atitudes folclóricas por parte de diferentes actores partidários são-tomenses com alguma responsabilidade política, pode ser ajuizado analiticamente como resultado da longa e profunda crise do contrato social, que o país tem assistido persistentemente desde o período embrionário do pós – colonialismo, obviamente até a data presente. Esta crise tem asfixiado a capacidade reflexiva e humanística dos decisores políticos e partidários, plasmando sentimentos de ódio, intrigas, conspiração, e consequentemente algemado o desenvolvimento micro e macro estrutural de S.Tomé e Príncipe.
O contrato social é aqui definido numa perspectiva ocidental, como a metáfora fundadora da racionalidade social e política da modernidade ocidental. Este contrato visava criar um paradigma sociopolítico que produzisse de uma maneira normal, constante e consistente quatro bens públicos: legitimidade da governação, bem-estar económico e social, segurança e identidade colectiva (Santos, 2004). A prossecução destes bens públicos desdobrou-se numa vasta constelação de lutas sociais, desde logo as lutas de classes (Santos, 2004).
Ora, redefinindo o contrato social tomando como objecto de análise à nossa realidade histórica e antropo-socioló
Porém, este paradigma social, político e cultural de inspiração dos nacionalistas forros tem atravessado há mais de três décadas, períodos de grande turbulência e contradição. Pois, tem sido sistematicamente maculado por atitudes folclóricas, por competição pelo poder, por conflitos pessoais por parte das elites políticas e partidárias do país, candidatas à privatização do Estado para acumulação de riqueza privada e a manutenção de redes de clientelismo (Seibert,2002).
Isto é, em vez da prossecução da Unidade temos o tribalismo moderno e o apartheid social, em vez da Disciplina temos o caos e a turbulência, em vez do Trabalho temos a descultura do trabalho, traduzida no consumo ostentoso e uma fraca gestão dos bens públicos (Seibert,2002.
De maneira que, afoito-me a dizer que, em S.T.P não existem partidos políticos no verdadeiro sentido político-socioló
Portanto, é por estas e por outras razões que continuo a pensar muito honestamente que precisamos urgentemente de repensar o país a partir de uma nova geração de políticos com uma cultura de pensamento e de reflexividade, que consiga de facto nos congregar em torno do nosso lema nacional: Unidade -Disciplina – Trabalho. Precisamos de uma geração de políticos que consiga acima de tudo, ter um caso de amor com a nossa própria existência, que nos possa libertar do cárcere do imobilismo e da decadência cultural, social e económica, pois estamos a afogar num profundo lamaçal onde já não podemos firmar os pés, estamos a entrar nas profundezas das águas, onde a corrente nos submerge. À terra firme queremos regressar!
Hector Costa
Mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra