Canal de Opinião
por Hilário Chacate
Nas vésperas do final de
Para meu espanto, Dhlakama fez afirmações totalmente dissonantes e incoerentes. De entre várias, Dhlakama afirmou que: não existia em Moçambique - depois de Samora - um homem carismático, popular, competente, com a melhor imagem como ele.
Estas afirmações contrastam-se com os resultados das Eleições. Como é que um homem carismático, popular, competente, com a melhor imagem perde constantemente os seus melhores quadros, perde as eleições em todos municípios, até os poucos que tinha lhe foram tirados para dar quem tinha muito e para quem não tinha nenhum (Frelimo e MDM)? Falo de cinco municípios que estavam sob a sua direcção, onde quatro foram ganhos pela Frelimo e um pelo Simango.
Como é que um líder carismático, popular, competente e com melhor imagem, cada pleito eleitoral vai perdendo assentos e o seu eleitorado vai decrescendo?
Dhlakama alega que a Frelimo sofisticou os mecanismos de fraude, em todas as eleições reclama pelo mesmo problema. O que não percebo é se a Frelimo sofistica os métodos de fraude, porque é que a Renamo não melhora os mecanismos para fazer face a este problema. Outra questão é, tendo em conta a sede que a Frelimo tinha de ganhar as eleições autárquicas na Beira, avaliando pelo nível da campanha que foi feita neste município, porque é que esta não foi capaz de roubar votos a Simango que nem sequer era partido, mas um simples candidato independente? Será que a fraude da Frelimo só é possível para a Renamo e para os outros, não? Também é sabido que em cada mesa de voto existem delegados de todos partidos, observadores nacionais e internacionais. Antes de começar a votação, todos os delegados e observadores confirmam se as urnas estão ou não totalmente vazios. A questão que se coloca é: como é que a fraude ocorre nessas condições? Talvez os delegados da Renamo e os observadores estão “Frelimizados”.
Outro aspecto é, quando várias candidaturas para as últimas eleições foram reprovadas pelo Concelho Constitucional (CC), devido às irregularidades que estas apresentavam do ponto de vista jurídico, Dhlakama aplaudiu a atitude do CC, alegando que Domingos e Simango eram crianças. Hoje o mesmo CC que Dhlakama aplaudiu, ao reprovar o seu recurso de pedido de invalidação dos resultados eleitorais, diz que o CC está partidarizado e não aceita a decisão deste. De salientar que este órgão conta com representantes da Renamo, isto significa que a decisão de chumbar o recurso não foi apenas dos membros de um único partido, mas foi também dos representantes de Dhlakama, talvez os seus quadros estão também “Frelimizados”, incluindo a ele.
A última deste politico na sua entrevista foi quase no final, ao ser questionado porque não tem aparecido publicamente com a sua esposa? Ele respondeu o seguinte: “... a dona Rosália fica em casa, cuida mais de crianças, ela tem mais cuidado do que eu. Eu nem conheço as crianças que passam ou chumbam. Ela é que me diz, a criança neste ano chumbou, chumbou por falta do explicador, por causa disto e aquilo”.
Um dirigente tem que saber no mínimo governar a sua própria casa, criar os seus filhos debaixo de uma boa disciplina, de modo a serem exemplares no seio da sociedade, pois se alguém não sabe governar a sua casa como poderá dirigir um País inteiro com quase 22 milhões de habitante?
Depois desta reflexão em torno das declarações do presidente do maior partido da oposição, o leitor poderá chegar a várias conclusões. Contudo, eu destaco algumas. Questiono que conceito Dhlakama tem sobre carisma, popularidade, competência e boa imagem? Dhlakama é um líder completamente dissonante e incoerente. E se durante muitos anos seu partido sobreviveu, foi por falta de alternativas. E por fim, se em todas mesas de votação temos delegados da Renamo a defenderem os interesses do seu partido, e Dhlakama aparece sempre a reclamar pela fraude, então o seu partido está “Frelimizado”, incluindo o seu líder, e são todos cúmplices no processo de fraude. (Hilário Chacate)
CANALMOZ – 04.12.2010