Naula deveria seguir viagem na companhia de Hilário Waite, ambos parlamentares eleitos pelo maior partido da oposição nacional pelo círculo eleitoral da província do Niassa, mas apenas o segundo é que conseguiu escapar da operação de sequestro- supostamente arquitectada e dirigida por Armindo Milaco, chefe nacional de mobilização do partido da “perdiz”.
A força policial posicionada no aeroporto de Nampula tentou em vão impedir a consumação do crime.
O “Notícias” apurou que aqueles parlamentares deslocaram-se à cidade capital provincial de Nampula idos de Lichinga, sob pretexto de participarem na reunião nacional de capacitação promovida pela Renamo, inicialmente agendada para segunda-feira, mas que viria a ocorrer apenas ontem. Porém, e segundo soubemos, a intenção daqueles deputados era realmente fugir à vigilância cerrada que havia sido montada no aeroporto de Lichinga visando denunciar e abortar o embarque dos deputados da Renamo que se dirigiam à capital do país afim de tomar parte da cerimónia de investidura do Parlamento onde são membros de pleno direito, à revelia do partido de Afonso Dlhakama, que alegam não reconhecer os resultados do pleito de 28 de Outubro último.
Ainda ontem, a nossa Reportagem apurou que outros deputados da Renamo dos círculos eleitorais de Cabo Delgado e da Zambézia, em número que não conseguimos quantificar, teriam optado em embarcar para Maputo através do Aeroporto Internacional de Nampula, igualmente como forma de ludibriar aqueles que estavam contra a sua decisão de tomar posse para o órgão que foram eleitos através do voto.
Reagindo ao sequestro, o porta-voz da Renamo e do encontro nacional daquele partido que decorre em Nampula, Arnaldo Chalaua, confirmou a ocorrência do sequestro, afirmando, no entanto, desconhecer as reais motivações do sucedido. Refutou que Armindo Milaco tenha participado na operação criminosa.
Por outro lado, escusou-se a comentar sobre as possíveis razões que terão motivado alguns deputados da AR eleitos pelo seu partido a optarem pelo aeroporto de Nampula para embarcar para a capital do país, onde participariam da cerimónia da sua investidura, quando as respectivas passagens aéreas dava-lhes o direito de seguirem viagem a partir dos seus círculos eleitorais.
A sessão de investidura do Parlamento foi caracterizada pela ausência de parte dos deputados da Renamo, sendo que dos 51 eleitos no último sufrágio, apenas 16 tomaram posse, juntamente com os seus colegas da Frelimo (186 deputados) e dos oito pertencentes ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
A tomada de posse dos 16 deputados da Renamo é vista como um desafio ao líder desta força política da oposição, Afonso Dhlakama, que tem vindo a dar ordens de boicote à cerimónia de investidura como forma de protesto contra os resultados das eleições gerais e provinciais de 2009, que deram vitória folgada à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Armando Guebuza.
No passado dia 5 de Janeiro, nove membros das Assembleias Provinciais eleitos pela Renamo tomaram posse, contrariando ordens de Dhlakama.
- CARLOS TEMBE