– alerta o secretário-geral da Aliança para o Comércio de Produtos na África Oriental e Austral (ACTESA), Cris Muyunda, em reunião que está desde ontem a decorrerem Maputo
O secretário-geral da Aliança para o Comércio de Produtos na África Oriental e Austral (ACTESA), Cris Muyunda, disse, ontem em Maputo, por ocasião da abertura do seminário regional sobre as políticas de preço de produtos alimentares, que a instabilidade dos preços dos produtos alimentares que afecta o bem-estar de todos os cidadãos pode derrubar governos poderosos.
Segundo Cris Muyunda, os aumentos bruscos dos preços de produtos alimentares em 2008 trouxeram uma enorme e duradoura instabilidade nos mercados regionais. Para ele, a instabilidade foi causada pelas variações dos fornecimentos domésticos por seu turno suscitadas por desastres naturais; pela variação dos preços a nível internacional; pelas taxas de câmbios; pelo custo de transporte ou ainda por causa do pânico e da febre de especulação nos mercados.
“As soluções mais eficazes para cada situação irão depender das causas particulares da instabilidade do preço”, disse o secretário-geral da ACTESA.
Num outro desenvolvimento, Muyunda afirmou que os preços de produtos alimentares devem permanecer atractivos para os produtores e os consumidores, a fim de assegurar a sobrevivência política dos que estão no poder. “Nossos responsáveis pelas decisões têm a enorme tarefa de gerir a estabilidade de preços”, afirmou.
Sobre o seminário
Entretanto, falando concretamente do seminário, Cris Muyunda disse que estão sendo analisados detalhadamente os instrumentos para a estabilização de preços de produtos alimentares e gestão de risco dos preços.
A esse respeito, referiu, vão ser tomadas decisões relativamente à modernização da produção e estruturas de negócios por forma a serem discutidas vantagens entre os diferentes tipos de produtos alimentares; a localização e a época de compra e venda e o controle do fornecimento de produtos alimentares de modo a permitir que as rendas familiares sejam apoiadas durante o período de aumento de preços.
“Os legisladores têm a melhor possibilidade de alcançar os seus objectivos se a sua escolha dos instrumentos for baseada numa compreensão sólida do funcionamento dos mercados dos produtos alimentares e da eficiência de diferentes políticas”, acrescentou Cris Muyunda.
Caso de Moçambique
Segundo o ministro da Agricultura, Soares Nhaca, os debates sobre a política de preços são muito importantes porque a agricultura também desempenha um papel muito importante. “É de grande interesse trocar experiências com os outros países para vermos quais são as lições que podemos colher de modo a monitorar os preços dos nossos produtos – sabendo que actuamos sobre condições de mercado livre”.
Entretanto, ainda segundo o ministro da Agricultura, como estratégia de protecção dos produtos, o Governo de Moçambique opta pela produção, facilitando o crédito para os produtores.
Governo subsidia produtores
“O Governo está a investir, e em alguns casos está a subsidiar os produtores para exercerem as suas actividades de modo a que haja uma maior disponibilidade dos produtos alimentares”, disse o ministro Nhaca. Acrescentou que estes subsídios são concedidos em forma de semente, no âmbito da implementação da estratégia da revolução verde, incluindo a tracção animal, investigação e irrigação. O seminário que está a decorrer desde ontem está sob auspícios do Programa de Mercados Agrícolas de África e tem como objectivo melhorar a capacidade de resposta aos desafios da segurança alimentar na região Austral de África. (Egídio Plácido)
CANALMOZ – 26.01.2010