Entre os nomes que se admite estarem no role das prováveis escolhas do chefe do Governo que pela Constituição do país é o presidente da República, para o cargo de primeiro-ministro constam Oldemiro Baloi, Eneias Comiche, Aiuba Coereneia e António Sumbana, este último actualmente no cargo de ministro na Presidência para os Assuntos Civis e “grande amigo de Guebuza”.
Luisa Diogo, como referido em vários círculos frelimistas, “é uma carta fora do baralho”. Se é ou não só depois de conhecida a decisão de Guebuza se poderá ter a certeza.
Se funcionarem as pressões, ainda que veladas, para que Armando Guebuza indique uma figura que não seja do Sul para o cargo de primeiro-ministro há certas correntes que ainda admitem que o presidente da República possa repescar Luísa Diogo, mas vários observadores entendem que se trata claramente de uma figura com a sua “imagem muito gasta” e que só ajudará a dificultar o que será o último mandato de Guebuza se até lá a Constituição não for alterada para o acomodar, à boa maneira de muitas ditaduras.
Segundo quem, na Frelimo, defende que Luísa Diogo não deve prosseguir no cargo, a questão do género ficou salvaguardada com a nomeação, da deputada Verónica Nataliel Macamo Ndlovo, que é membro da Comissão Política do partido dirigido por Guebuza. Foi a única candidata ao cargo de presidente da Assembleia da República e ontem foi eleita com votos da oposição que se admite terem sido do MDM, se bem que bem feitas as contas dos votos registados também tenha agregado votos contra do seu próprio reduto.
Sendo que é remota a possibilidade de Luísa Diogo continuar como primeira-ministra no novo governo, o equilíbrio regional poderá suscitar que o chefe de Estado nomeie Aiuba Cuereneia. É afinal o único nome, da lista de prováveis escolhas de Guebuza, que não é do Sul e tem sido uma figura muito próxima do líder da Frelimo.
Informações que nos estão a chegar a conta-gotas indicam que Luísa Diogo já terá pedido, “em reunião da Comissão Política” para não continuar no cargo. Admite-se que seja uma jogada de antecipação dado o clima de grande hostilidade que conseguiu congregar em volta de si, no último quinquénio, pese embora se considere que ela é uma tecnocrata de grande vulto.
Indicam-nos, entretanto, que Guebuza não irá dar ouvidos às questões dos que apelam para que haja equilíbrio regional, por alegadamente ser sua prática metodológica congregar em torno de si figuras que lhe sejam fiéis independentemente das suas origens.
Oldemiro Baloi, actual ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação é no entanto a figura com o perfil que se tem como o mais adequado para ajudar a distender o actual clima de grande crispação política fruto de eleições fortemente contestadas.
Eneias Comiche é citado como uma figura que pode vir a ser a escolha final de Guebuza. Incidem sobre eles comentários divergentes. Uns dizem que Guebuza não o quer, mas também há quem dentro da Frelimo diga que Guebuza deixou-se levar pela rejeição a que as bases do partido na cidade de Maputo votaram Comiche nas primárias para as autárquicas de 2008, porque já o queria reservado para substituir Luísa Diogo. O certo, porém, é que Comiche é uma figura muito próxima de Joaquim Chissano e isso pode ser que não seja bom agoiro. Mas tudo isto não vale mais do que vale porque no fim de contas, o que parece certo é que Guebuza é a única pessoa até aqui que sabe o que vai suceder. Por isso a expectativas de se saber quem será o primeiro-ministro se mantém em alta. E quanto ao resto do governo, idem.
Fala-se também que um governo mais pequeno pode estar na forja e que voltem as figuras de secretários de Estado ao mesmo tempo que deixariam de existir os secretários-permanentes. Aguardar é o melhor remédio pois em breve tudo estará esclarecido. Tudo indica que ainda na quinta-feira. (Redacção)
CANALMOZ – 13.01.2010