Cinco semanas antes do ataque desta sexta-feira em Cabinda contra militares angolanos, que apanhou a selecção de futebol do Togo, as autoridades angolanas garantiram segurança total no enclave.
A garantia foi dada no passado dia 01 pelo ministro angolano António Bento Bembe, responsável pelo acompanhamento da província de Cabinda, e que a 01 de Dezembro, em declarações à Lusa, garantiu a existência de condições de segurança para o Taça Africana das Nações (CAN 2010) que tem no enclave uma das suas quatro sedes e ao mesmo tempo uma afirmação de soberania da Angola.
O enclave de Cabinda tem sido palco de uma luta de guerrilha levada a cabo pela auto-denominada Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), que mantém desde 1975, ano em que Angola se tornou independente de Portugal.
Os cabindas ligados à causa independentista exigem ser ouvidos sobre o seu futuro, alegando que Portugal não respeitou o que ficou estipulado no Tratado de Simulambuco, assinado a 01 de Fevereiro de 1885 entre a coroa portuguesa e os príncipes cabindas.
Este documento colocava sob a soberania de Portugal a administração do território, acto que seria revertido quando Lisboa abandonasse a administração do enclave.
Todavia, Luanda mantém que o território está pacificado desde a assinatura do Memorando de Entendimento de Agosto de 2006, que envolveu o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), de Bento Bembe, e outras associações, mas não a FLEC de N´Zita Tiago nem figuras bem conhecidas do enclave, com o padre Raul Tati, Agostinho Chicaia ou Raul Danda.
Sucessivos ataques reivindicados pelo braço armado das FLEC contra as Forças Armadas Angolanas e interesses estrangeiros no enclave têm sido sucessivamente negados pelo Governo angolano ou considerados como actos de banditismo.
Apesar de as FLEC insistirem que mantêm uma luta independentista em Cabinda, de onde provém a maior parte da produção petrolífera de Angola, o executivo de Luanda rejeita a existência de quaisquer perturbações.
Os acontecimentos de hoje mereceram já a firme condenação da parte do Governo angolano, que classificou o acto como um "ataque terrorista", ao mesmo tempo que garantiu a realização da prova.
O texto do Governo de Luanda adianta ainda que os elementos da FLEC que protagonizaram o ataque junto à fronteira da República do Congo e a província angolana de Cabinda deslocaram-se desde o país vizinho para território angolano e regressaram após a operação.
O Governo aponta ainda que no ataque “terrorista” ficaram feridas nove pessoas, oito das quais togoleses que integravam a comitiva, sem especificar quantos eram futebolistas, embora a selecção togolesa já tenha confirmado, pelo menos, dois atletas atingidos pelas balas.
Citando informações da 2ª Região Militar, em Cabinda, o comunicado aponta igualmente que logo após o ataque, os guerrilheiros da FLEC “retornaram” à República do Congo (Brazzaville).
O texto inclui ainda uma forte condenação a esta “acção ignóbil” e garante o “total engajamento” do Governo angolano para “garantir a segurança” na província de Cabinda de forma a que o CAN “se possa afirmar como uma grande manifestação desportiva”.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS – 08.01.2010