Não se seguiu a tradição por falta de hipopótamo
Para além do público em geral, proeminentes figuras testemunharam, na manhã de terça-feira a celebração de mais uma passagem de aniversário da batalha de Gwaza Muthine que se comemora a 2 de Fevereiro.
Na ausência do presidente da República a cerimónia foi dirigida pela governadora da província de Maputo e a administradora do Distrito de Marracuene.
A cerimónia que vem sendo comemorada há mais de 115 anos, desde a batalha da resistência contra o colonialismo tem atraído nacionais vindos de vários pontos do país e até cidadãos estrangeiros.
Na verdade considera-se que a tradição não se cumpriu pelo facto de não ter saído do rio o mais esperado hipopótamo, que consolida a realização da cerimónia.
De acordo com algumas fontes, líderes comunitários presentes na cerimónia, o hipopótamo se equipara à força que os guerreiros tinham para enfrentar o colono.
De igual modo, as fontes igualam a força do hipopótamo à dos guerreiros que lutaram contra o colonialismo.
Mas não houve hipopótamo.
O Régulo Maquene Palete Carlos, por coincidência, segundo ele neto de um dos guerreiros que participou na batalha, disse à nossa reportagem que a cerimónia não aconteceu como se esperava porque o animal não saiu como a tradição manda.
Entretanto a governadora da província de Maputo, Maria Jonas, falando ao público, disse que as cerimónias do Gwaza Muthine, representam para a nação moçambicana, para além de celebrações festivas, também, um momento de reflexão sobre a valorização do espírito nacionalista dos que tombaram na batalha a defender a nação moçambicana.
Por outro lado a fonte disse que esta data deixou de atrair apenas os nacionais assim como o governo moçambicano e está-se a criar maneira para atrair figuras estrangeiras para cerimónias de género.
Maria Jonas revelou que a batalha de Gwaza Muthine representa a união e o espírito de resistência e determinação do povo moçambicano.
Disse ainda que a história de Moçambique nesta batalha revela também, a potência dos guerreiros moçambicanos que resistiram ao colonialismo mesmo sem armamento sofisticado que o colono dispunha.
A governadora acrescentou que para a continuação da celebração da batalha de Gwaza Muthine, é preciso o engajamento da juventude moçambicana.
A governadora afirmou ainda que a história de resistência do povo de Moçambique contra a opressão colonial “começa nesta batalha”.
Por outro lado, a nova governadora revelou que o governo estava a desenhar um plano de fazer da data desta batalha – 2 de Fevereiro – um novo feriado nacional tendo em conta a importância da mesma. Sucede, porém, que 3 de Fevereiro já é feriado e ficaríamos com dois dias feriado seguidos, a menos que este seja apenas local.
Marcelino dos Santos
Por sua vez Marcelino dos Santos umas das figuras presentes no local, apelou para que a juventude moçambicana participe nestas cerimónias de forma a conhecer o conteúdo desta batalha.
Falando ao Canalmoz, Marcelino dos Santos, disse que a importância desta cerimónia pode-se medir pela paz que Moçambique vive hoje.
De acordo com Marcelino, a participação de todos os cidadãos na celebração desta efeméride, é uma oportunidade para fortalecer a unidade nacional.
Marcelino disse que chegou o momento de exaltar as figuras que lutaram pela libertação de Moçambique.
Disse ainda que foi graças a grandes batalhas como esta, que Moçambique se tornou independente e acrescentou que este é o momento exacto para se compreender a história de luta de libertação do país.
Gwaza Muthine como atracão turística
A cerimónia que decorreu sob o lema Gwaza Muthine na vanguarda e atração turística e acomodação, visava atrair os turistas nacionais assim como internacionais.
Falando à imprensa, a governadora disse que o lema, surge pela pretensão de se explorar o lado turístico de Marracuene dado que existem boas paisagens que merecem conservação e apreciação.
De acordo coma a governadora da província, o monumento de Marracuene onde se celebra as cerimónias é um local muito visitado por turistas que querem conhecer a história de Moçambique e que o governo está a desenhar vários projectos que poderão atrair mais turistas, ao longo do ano, mas principalmente, na própria data de celebração da batalha, 2 de Fevereiro.
A governadora quer também com a sua ideia levar a história do país para além fronteiras.(António Frades)
CANALMOZ – 04.02.2010