De acordo com o director-executivo da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique-Centro, Cândido Jone, a obra atingiu assim uma das etapas cruciais de restauração física na plataforma, faltando apenas trabalhos residuais, nomeadamente a balastragem, alinhamento, soldadura, ataques de consolidação da via incluindo construção de pontes, passagem de nível, entre outras actividades complementares.
Falando ontem em exclusivo à Reportagem da nossa Delegação da Beira, a fonte acrescentou que, desta forma, o projecto de Reconstrução da Linha de Sena vai conhecer um maior dinamismo, podendo mesmo circular comboios de serviço transportando balastro de Moatize para a via em marcha condicionada a uma velocidade máxima de 25 km/ hora. Além disso, a fonte referiu que todos os recursos humanos e materiais estarão concentrados na conclusão da obra.
Contudo, para o levantamento detalhado do progresso do empreendimento, uma equipa multisectorial composta por técnicos da Brigada de Reconstrução da Linha de Sena, engenheiro independente, fiscalização e empreiteiro de origem indiana denominado RICON trabalham esta semana ao longo da via. Durante quatro dias, a missão pretende fundamentalmente saber no terreno do período exacto do final da obra.
Para a Direcçao-Executiva dos CFM-Centro, a alegada falta de planificação do construtor fez com que o empreendimento em alusão enfrentasse, no passado, adiamentos sucessivos da sua conclusão inicialmente projectada para o ano passado.
Neste momento, Jone assegura como estando ultrapassados os últimos constrangimentos mormente relacionados com a falta de “stock” de materiais com destaque para travessas de betão armado produzidas nas fabricas montadas na cidade do Dondo e vila de Sena, em Sofala. Mesmo as chuvas que nos últimos dias fustigaram a zona centro também não constituíram revés ao mega-projecto.
A Linha de Sena ficou completamente interrompida ao tráfego desde Setembro de 1993, devido à guerra. O Sistema Ferroviário da Beira, que inclui as Linhas de Sena e Machipanda, foi concessionada em 2004 à Companhia Caminhos de Ferro da Beira (CCFB) formada pelas RITES, IRCON e CFM por um período de 25 anos renováveis.
No contrato rubricado entre os Governos de Moçambique e da Índia consta que a circulação de comboios de passageiros na Linha de Sena deve acontecer nos troços que forem concluídos, acontecendo já nos trajectos Beira-Dondo, Beira-Marromeu, Beira-Dona Ana, faltando apenas Beira-Moatize.
Projecções actualizadas apontam que cada comboio de passageiros pode transportar mais de 500 pessoas, numa actividade considerada menos rentável que, entretanto, socialmente é subsidiada pelo Estado.
- Horácio João