Indignado com o relatório da missão
“ O que é que eles vinham fazer em Moçambique? Vinham legitimar a fraude?” – Afonso Dhlakama
O presidente da Renamo diz ter soluções para enfrentar aquilo que ele chama de instabilidade política que o país vive: “Nós, moçambicanos, vamos obrigar Guebuza e o seu partido a recuarem, para haver democracia, justiça, direitos humanos, Estado de Direito, economia de mercado e o bem-estar para o povo moçambicano”.
Afonso Dhlakama está irritado com a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia, que esteve em Moçambique para observar as Eleições Gerais e das Assembleias Províncias de 28 de Outubro do ano passado. O presidente da Renamo diz que os observadores da União Europeia não tiveram a coragem de escrever no seu relatório final que as vitórias da Frelimo e do seu candidato foram conseguidas através de fraude eleitoral. Para Afonso Dhlakama, dizer que “as irregularidades que acompanharam o pleito não influenciaram os resultados finais é falta de coragem”.
“Estou irritado com os observadores da União Europeia. Reconheço a importância da ajuda que a União Europeia dá a Moçambique, mas, no aspecto das eleições, era preferível que tivessem acontecido sem a presença deles, porque isso não ajudou em nada”, afirmou Dhlakama.
“Aquilo que aconteceu nas eleições em Moçambique, se tivesse acontecido na Europa, já teriam forçado a realização de novas eleições, ou teriam decretado sanções contra Moçambique, ou até mesmo já o teriam suspendido da União Europeia”, prosseguiu.
“Mas como é um país africano e pobre, dependente da comunidade internacional, não há nenhum outro país que esteja a preocupar-se com a democracia em Moçambique, o que há são interesses. Basta os comunistas da Frelimo satisfazerem o que alguns países querem, e logo tudo acaba e o resto é propaganda”, sublinhou.
Afonso Dhlakama questionou o papel que os observadores vieram desempenhar em Moçambique. “O que é que os observadores vinham fazer em Moçambique? Vinham legitimar e dar mais força aos ladrões da Frelimo?”, questiona.
Entretanto, o presidente da Renamo diz ter soluções para enfrentar aquilo que ele chama de instabilidade política que o país vive: “Nós, moçambicanos, vamos obrigar Guebuza e o seu partido a recuarem, para haver democracia, justiça, direitos humanos, Estado de Direito, economia de mercado e o bem-estar para o povo moçambicano”.
Interdição da ajuda
Sobre a ajuda externa que o país recebe da comunidade internacional, o líder da Renamo diz: “Queremos que a comunidade internacional, a União Europeia, os africanos, americanos e asiáticos não apoiem o regime comunista da Frelimo, que desgraça o povo moçambicano”.
Recomendações da União Eleitoral são insuficientes
Na opinião de Afonso Dhlakama, as recomendações contidas no relatório da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia “não são suficientes para que os problemas e a instabilidade política que se vive no País sejam ultrapassados”.
“Os europeus estão enganados, a solução não é apenas a revisão do pacote eleitoral e a constituição de uma nova Comissão Nacional de Eleições, a solução para os problemas de que enferma a vida política do país, passa pelo banimento do regime comunista da Frelimo, para dar lugar à organização de uma nova ordem política no país”.
Governo de Transição
O presidente da Renamo voltou a insistir na ideia da constituição de um Governo de Transição, que deve integrar apenas técnicos com conhecimentos em cada área específica.
“Mesmo que tenhamos o melhor pacote eleitoral do mundo e a melhor CNE, com o regime comunista da Frelimo, nunca teremos eleições justas, livres e transparentes neste país, porque eles misturam tudo com o partido”, observou Dhlakama.
Manifestações ainda na forja
Sobre a data da realização das manifestações há muito anunciadas mas sempre adiadas, o líder da Renamo voltou a não revelar qual é, mas reafirma que as mesmas irão acontecer. “Estamos a preparar, tendo o devido cuidado para não infringirmos a lei”, concluiu Dhlakama. (Aunício da Silva)
CANALMOZ – 23.02.2010