A audiência foi a pedido do grupo liderado por Francisco Campira.
Falando ao nosso jornal, no final do encontro, Francisco Campira disse que o grupo falou com o Primeiro-Ministro sobre vários assuntos, de entre os quais a Educação, a Defesa e Segurança, o Desporto, a Economia e também sobre a instalação e consolidação das células do partido Frelimo nas instituições públicas.
Sobre a Educação, o G-12 entende haver discriminação entre os alunos que estudam no sector público e no privado. Os primeiros, segundo Francisco Campira, beneficiam do livro gratuito de distribuição escolar, enquanto os outros devem adquiri-lo mediante o pagamento de elevadas quantias. A outra questão relaciona-se com a formação de professores que, segundo o porta-voz do grupo, após a formação muitos ficam sem integração, não valendo continuar a despender fundos na capacitação de docentes que no fim ficam no desemprego.
Sobre a Defesa e Segurança, o G-12 entende que a situação da Polícia é cada vez mais degradante, o que propicia o clima de corrupção generalizada no seio da corporação. É ainda entendimento do grupo que a Polícia veste-se muito mal, não tem meios para exercer cabalmente as suas atribuições, tem salários miseráveis e trabalha sem moral, o que em certa medida atiça os níveis de criminalidade no país.
“Somos de opinião que o Governo deveria criar mínimas condições para a nossa Polícia. No passado a Polícia teve supermercados onde adquiria os seus produtos, inclusivamente a crédito. Hoje tais supermercados já não existem. A Polícia não tem um único helicóptero ou um barco para as acções de patrulha. O que vemos é a aquisição de carros luxuosos para os governantes em detrimento de se potenciar a Defesa e Segurança deste país”, lamentou Francisco Campira.
O outro assunto apresentado ao Primeiro-Ministro relaciona-se com a Economia. Segundo o porta-voz do grupo, o Governo deve rever a questão da indústria da castanha de caju, sector que em tempos dinamizou a economia de Moçambique. Campira entende que o país possui muita riqueza: gás natural, jazigos de mármore, energia da HCB mas, em contrapartida, o país continua com um dos PIBs mais baixos da região da África Austral.
Na área do desporto, o grupo acha que o Governo deve tratar a todas as modalidades de igual maneira. De acordo com Campira, o Governo elegeu apenas o futebol, basquetebol e o atletismo como sectores prioritários.
“Mas nós achamos que o ouro ganho no atletismo tem o mesmo sabor que o ouro ganho no xadrez ou no boxe”, disse.
Na audiência o G-12, queixou-se da instalação e consolidação das células do partido Frelimo nas instituições públicas, afirmando que estes são locais para a implementação dos planos de desenvolvimento sócio-económicos e não centros de difusão os políticas de certos partidos.
Por seu turno, o Primeiro-Ministro, Aires Ali, disse ter ouvido as preocupações e contribuições avançadas pelo grupo tendo agradecido a colaboração.
Aires Ali afirmou que muitas das preocupações apresentadas pelo G-12 constituem igualmente preocupação do Governo e algumas vão certamente constar do Plano Quinquenal do Governo ainda em elaboração.
O dirigente garantiu estar aberto para receber mais contribuições e pediu a todos uma maior colaboração e participação no combate à pobreza.
A coligação foi criada em Novembro pelos partidos PASOMO, PAREDE, PNDM, CDM, PACODE, UDF, PARTONAMO, PLDM, PSDM, PEMO e ainda pela UNAMO e PRD. Os dois últimos deixaram um pouco mais tarde de pertencer ao grupo.