As novas gerações têm o direito de saber a verdade
- segundo deputados da Assembleia da República
Contrariamente às declarações do chefe do Estado Armando Guebuza, segundo as quais as escolas devem continuar a ser o lugar privilegiado para a transmissão do legado histórico dos heróis nacionais para as novas gerações, assim taxativamente como vem escrito nos manuais escolares, há quem diga que o imperioso é reformar o currículo e trazer ao conhecimento dos alunos a face verdadeira da história.
O deputado do Movimento Democrático de Moçambique, Lutero Simango, filho do Reverendo Urias Simango ex-vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique, (FRELIMO), disse que o Governo tem a obrigação de fazer conhecer a verdadeira história dos heróis nacionais às presentes gerações, assim como, o papel de cada um na luta de libertação nacional. Simango disse ainda que há necessidade de se parar com toda uma série de mentiras que estão sendo ensinadas às crianças nas escolas.
Acrescentou também que a escola como principal veículo de transmissão dos ideais dos heróis nacionais, deve antes de mais buscar a autenticidade daquilo que ensina para evitar que a verdade chegue de forma informal.
Questionado sobre em que se funda a verdade por ele referida, o deputado afirmou que “há uma série de histórias ou coisas que não existiram, não aconteceram, mas no entanto estão sendo transmitidas às crianças como se tivessem acontecido”. Referiu por exemplo a história do próprio Eduardo Mondlane, o arquitecto da unidade nacional, que está sendo mal transmitida através do currículo escolar nacional, estando agora as crianças a aprenderem coisas que não existiram”.
“A verdade sobre os heróis nacionais, em particular a de Mondlane está fora dos livros, e cabe ao Governo, trazer a verdade” acrescentou Lutero Simango filho também ele de um herói nacional não reconhecido pelo grupo político que se apoderou da história e a tem vindo a contar à sua maneira e feição.
O “clube” de heróis nacionais é restrito
Por seu turno, Ismael Mussa também deputado da AR pelo MDM disse que o seu partido defende a não restrição do grupo de heróis nacionais. Isso porque segundo disse o grupo dos considerados heróis nacionais é bastante restrito e favorecedor apenas do partido no poder. Mas ainda assim, segundo Mussa, o seu partido tem uma nova postura, contrariamente àquela por que a oposição se tem pautado. Disse que o MDM reconhece os órgãos do Estado por isso participa das cerimónias do Estado.
Não sei se é restrito o grupo de heróis nacionais
Já Eduardo Mulémbwè, antigo presidente da AR, disse diz que “a data é para exaltar todos aqueles que deram as suas vidas para um Moçambique melhor e a estes todos os moçambicanos devem render-lhes homenagem”. “Todos que tombaram por um Moçambique soberano merecem ser homenageados não só hoje, mas sim todos os dias”. Questionado sobre a alegada restrição do grupo dos heróis nacionais aos da Frelimo. “Não sei se o grupo dos heróis nacionais é restrito ou não”, disse o ex-presidente da Assembleia da República.
Está sendo cumprido o sonho do meu Pai
Por sua vez, Eduardo Mondlane Júnior, filho de Eduardo Mondlane, disse que todo o País deve render homenagem a todos os heróis nacionais, aqueles que deram suas vidas para um Moçambique mais unido, autónomo e desenvolvido. Questionado se está sendo cumprido o sonho do seu Pai, que era de um Moçambique unido em que os moçambicanos fossem donos do seu próprio destino, Mondlane Júnior disse o seguinte “Logicamente que sim, o povo está unido do Rovuma ao Maputo, e o desenvolvimento está sendo gradual. Está sendo cumprido parte do sonho do meu pai.”
Temos que exaltar os heróis nacionais
Já o Presidente do Conselho Nacional Da Juventude (CNJ), Osvaldo Pitersburgo disse que “os legados históricos da geração de 1962 devem nortear a forma de agir da nova geração”. Acrescentou que “os desafios são diferentes, mas a causa é a mesma: o desenvolvimento do País, a autonomia dos moçambicanos”. Pitersburgo disse ainda que “é necessário que seja difundida a história dos heróis nacionais, de modo a valorizar e popularizar a nossa história”.
A verdade porém é que os heróis nacionais ainda só são os que a Frelimo quer. Os muitos outros heróis que forçaram a Frelimo a aceitar a democracia pluralista ainda não são reconhecidos.
Os jovens, esses, parecem estar alheios a tudo isso e com outras preocupações mais práticas. (Matias Guente)
CANALMOZ – 04.02.2010