Passados 16 anos da sua morte
Por Abdul Sulemane
O Instituto Superior de Belas Artes pretende organizar e dar um reconhecimento especial, de Doutor Honoris Causa, a título póstumo, ao maior escultor moçambicano, Alberto Chissano, falecido em 1994, como uma forma de reconhecimento ao seu contributo no desenvolvimento da cultura em geral e da arte em particular.
Esta informação foi tornada pública pelo director do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD), Boaventura Afonso, em representação do ministro da Cultura, Armando Artur, na cerimónia de passagem dos 16 anos após a morte do considerado expoente máximo da escultura moçambicana, Alberto Chissano. A homenagem teve lugar no pretérito sábado na Galeria Museu Alberto Chissano, no bairro Fomento, na cidade da Matola. “É interessante porque ele merece e já se deveria ter avançado nesse sentido. A nomeação a titulo póstumo de Honoris Causa é sem dúvida necessária e posso dizer que estamos atrasados”, frisou.
Não só homenageá-lo com palavras...
Na mesma ocasião, a filha do malogrado escultor, Cidália Chissano, disse que “o que nós temos que tentar fazer, e é o que a casa procura fazer, não é só homenageá-lo com palavras. O que é importante é falar sobre a obra que ele deixou e os seus ensinamentos”.
O que Cidália Chissano pretende é sensibilizar a sociedade e quem de direito para que não deixem que o grande sonho do grande escultor Chissano desapareça de qualquer maneira.
”É verdade, e eu sei, que nunca vai desaparecer porque é a esperança de todos nós. E por tudo aquilo que aprendemos com os ensinamentos dele. Porque a arte, a cultura também fazem parte do processo de desenvolvimento do nosso país”, disse.
A Galeria Chissano é um grande lugar, um espaço que o escultor Chissano criou para os moçambicanos, mas sobretudo porque é um património nacional.
“Não quero apontar dedos”
Referindo-se à eventualidade de a figura do maior escultor moçambicano estar a ser marginalizada e esquecida por quem de direito, Cidália Chissano afirmou que “não quero apontar dedos, não quero acusar ninguém, porque o trabalho foi feito. O que importa agora é a sensibilização que a sociedade deve ter em valorizar e saber que um homem trabalhou tanto, fez um esforço, não só para ele, fez isso para a nossa nação”.
E portanto isso cabe a cada um de nós, com a nossa sensibilidade, saber que temos que dar uma mão, fazer alguma coisa para continuar com os ensinamentos que o escultor Chissano deixou”, explicou.
Passados 16 anos após a sua morte não se fez algo, para a filha do escultor, a parte que lhe interessa é a positividade daquilo que Chissano deixou. As pessoas que o homenageiam acreditam de facto de que ele deixou uma herança para a nação inteira.
Chissano merece um estatuto muito grande.
Por sua vez o escultor Mahazuli afirmou que a imagem do escultor Alberto Chissano está a ser marginalizada, “porque ainda não ouvimos algo de vulto a respeito dele. E digo com franqueza e chamo a atenção aos de direito para que procurem perpetuar aos feitos deste embondeiro das artes. Chissano merece um estatuto muito grande. As pessoas não devem valer enquanto estiverem vivas. Se ele escreveu por si só o nome de Moçambique com letras de ouro é porque alguém deve saber erguer a imagem e feitos deste artista. O escultor Alberto Chissano foi um verdadeiro homem de cultura. Um embondeiro das artes . Homem simples, acessivel, que aprendia ensinando”, frisou.
Para este escultor, o escultor Chissano, queria transformar as mentes e as pessoas conduzindo-as ao trabalho. Tinha uma visão ampla do que é a cultura. Queria que essa cultura fosse preservada e desenvolvida para que fosse a nossa verdadeira identidade, nossa em todos os tempos e qualquer parte onde nos encontrasse-mos. Incutia as pessoas para que fossem guardiões da nossa cultura. Um homem desta estatura é muito grande.
Parece-me que há um esquecimento...
Não gostava muito de falar português, dizia por si só que não estudou mas que escrevia aquilo que os seus anscentrais lhe contavam e ensinavam e tudo o que poderia ser o mundo a posterior. Quem entra no museu que ele nos deixou pode apreciar obras de todos os cantos do país. Além do seu acervo.
O que pretendemos é que a Galeria Museu Alberto Chissano seja um roteiro de todos aqueles que passam por Moçambique. Porque isto é um património e deve ser preservado.Todo aquele que visita o museu sai com outro tipo de mentalidade.
Parece-me que há um esquecimento porque eventos desta natureza são realizados por amigos e familiares. Mas o escultor Chissano foi um homem de família e de amigos. Foi um homem universal, representou condignamente Moçambique em todos os cantos do mundo.
O escultor Alberto Chissano deve figurar nos anais da nossa História. Deve ser celebrado por todos. Temos que nos curvar perante este homem. As obras de Alberto Chissano reflectem como devemos estar na vida.
É preciso que se faça mais. O museu galeria Chissano não deve ser ignorado. Muitos residentes do município da Matola não conhecem a história do escultor Chissano.
Embondeiro das artes, homem com uma forma própria de trabalhar as obras dele, com recursos de variadas espécies que recorria para produzir grandes obras de categoria internacional.
SAVANA – 26.02.2010