TPM reconhece ter feito péssimo negócio
- “por isso abandonamos, temporariamente, o projecto de uso do gás para nos nossos autocarros”
Boaventura Lipanga, porta-voz da TPM
A empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM) reconhece ter feito péssimo negócio ao importar, da China, carros movidos à gás natural sem antes ter feito um estudo de viabilidade completo em relação ao perfil dos autocarros, assim como, em relação às reais condições que os mesmos (autocarros) iriam encontrar no território nacional.
No total, a empresa importou em 2008, 5 autocarros movidas a gás naquilo que foi
chamado como mecanismo sustentável para fazer face à alta dos preços de combustíveis líquidos no mercado internacional..Entretanto, praticamente todos os carros não foram para além de ano e meio de vida.
A empresa diz que foi a partir daí que chegou à con clusão de que aos autocarros YUTONG não se adequavam, de maneira alguma, às condições climatéricas, assim como, ao tipo de vias de acesso onde estes autocarros deviam circular.
Boaventura Lipanga, porta voz da TPM confessou o erro cometido pela empresa da qual faz parte mas adiantou que, logo que a empresa se deu conta da situação, interrompeu temporariamente o projecto da importação das viaturas movidas a gás natural. A ideia da TPM, em 2008, era importar cerca de 100 autocarros todos movidos a gás como forma de reduzir os custos dos preços em combustíveis.
Entrevistado pelo media mediaFAX, Lipanga disse que o erro foi cometido e o importante era continuar a trabalhar no sentido de criar condições para que a empresa tenha potencial e capacidade para transportar mais pessoas e em melhores condições.
“Em 2008, tínhamos um projecto de importar mais de 100 autocarros movidos a gás, porque, de facto, acreditamos que o uso do gás é bastante favorável. Entretanto, só mais tarde é que nos apercebemos que eles não eram compatíveis à realidade moçambicana” reconheceu Lipanga, para depois apontar a deficiente rede de estradas ( em zonas de expansão e outras degradadas) e a falta de técnicos (mecânicos) qualificados para lidarem com motores a gás, como os factores que tornaram o negocio, verdadeiramente mau.
“ Os carros que importamos são muito baixos e não correspondem às exigências dos passageiros” - disse.
Futuro
Com este estado de coisas, a TPM elaborou um segundo Plano que passa por lançar um concurso público internacional para a selecção de uma empresa que vai se responsabilizar pela importação dos autocarros. Não se sabe quantas unidades, efectivamente, pretende-se importar mas serão abaixo das 100 unidades projectadas anteriormente. Aliás, depois de a empresa perceber que os YUTONG não se adaptavam à realidade moçambicana, as autoridades moçambicanas decidiram-se pela importação dos actuais VW – Caio.
A par da importação dos autocarros a gás, a TPM pensa, por outro lado, levar a
cabo um vasto processo de formação de quadros em matéria de lidar com carros de motores à gás.
Efeitos colaterais
Na corrida ao gás natural e no sentido de criar condições de abastecimento das
autocarros da TPM e outras viaturas privadas, algumas empresas nacionais começaram a fazer algum investimento na formação de quadros e na instalação, no país, de sistemas para levar a cabo o processo.
Uma dessas empresas é a Auto – gás que investiu cerca de 4 milhões de dólares na instalação de bombas à gás e na instalação do sistema de conversão dos motores tradicionais para uso de gás.
Sabe-se que o Brasil e a Argentina conseguiram converter cerca de 20 por cento do seu parque automóvel para passar a usar gás no lugar dos combustíveis líquidos.
Noutros países conseguiu-se apenas converter cinco por cento das viaturas.(H. L)
MEDIA FAX – 12.02.2010