O presidente do Níger, Mamadou Tandja, e membros do seu governo foram feitos prisioneiros por soldados, após tiroteios junto ao palácio presidencial na capital do país, Niamey.
O tiroteio começou cerca das 13horas locais e prolongou-se por 30 minutos, segundo o correspondente da BBC Idy Baraou.
O nosso correspondente afirma ainda que há tanques pelas ruas da cidade e que testemunhas viram várias pessoas feridas, que estão a ser levadas para o hospital. Baraou diz que se continuam a ouvir tiros esporádicos na cidade, onde se situam quatro quartéis militares.
Um oficial superior francês, que pediu para manter o anonimato, disse à Agência France Press que se trata de uma tentativa de golpe de Estado. "Tudo o que posso dizer é que Tandja não se encontra numa boa posição", afirmou o oficial. E acrescentou que a detenção do presidente foi feita durante a reunião semanal do seu governo.
Tensões crescentes
As tensões políticas neste país da África ocidental têm vindo a crescer desde o ano passado, quando o presidente Tandja alterou a Constituição de forma a poder manter-se no poder e levar a cabo um terceiro mandato.
Desde então, o governo e a oposição têm estado em conversações - mediadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) -, com vista a resolver a crise política no país.
Apesar da resistência da oposição e da comunidade internacional ter condenado Tandja, o presidente do Níger tem insistido na sua vontade de se manter como líder do governo.
Tandja chegou mesmo a abolir o tribunal constitucional e a substituir os seus juízes quando estes declararam a sua acção como ilegal.
Num acto expresso de desaprovação, a CEDEAO suspendeu a participação do Níger na organização, os Estados Unidos aplicaram sanções comerciais e a União Europeia anunciou o fim da sua ajuda ao país.
Tandja, antigo oficial do exército, foi eleito presidente, pela primeira vez, em 1999. Cinco anos depois, voltou a ganhar as eleições. O Níger tem passado por longos períodos de governação militar desde a sua independência da França em 1960.
BBC – 18.02.2010