A liberdade dos três custou 350 mil meticais de caução para cada um (um milhão e 50 mil meticais no total), tendo sido acrescidos mais 9200 meticais de impostos para cada detido, valores pagos ainda ao princípio da tarde de ontem, numa diligência realizada pelo próprio advogado, Lourenço Malia.
Este causídico disse que o valor resultou de contribuições familiares e de amigos dos três arguidos, num processo que conta ainda com Lourenço Jaquessone Mathe, Manuel Luís Mome, Serafim Carlos Sira e Dionísio Luís Colege, postos em liberdade condicional sob termo de identidade e residência no início da semana.
Almerino Manhenje tinha à sua espera um considerável número de familiares, tendo imediatamente sido conduzido para uma viatura ligeira que o levou de volta para casa.
O ex-ministro do Interior não quis prestar qualquer declaração à Imprensa, que desde a manhã de ontem acampou em frente da Cadeia Civil para testemunhar a sua libertação.
Almerino Manhenje é acusado de cinco crimes, designadamente, três de violação, um de abuso de funções e outro de encobridor. Os crimes de violação estão relacionados com a legalidade orçamental ou desvio de aplicação, onde no lugar de executar o planificado foram pagas outras despesas não contempladas a algumas pessoas.
O advogado Lourenço Malia disse que a soltura dos seus constituintes representa um bom sinal do trabalho positivo que vem fazendo há dois anos, visto que desde o início sempre defendeu a tese de que nenhum dos seus clientes estava envolvido no desvio de fundos do Estado. Hoje, segundo afirmou, tudo o que disse está sendo provado, ou melhor, nenhum dos arguidos vem acusado de desvio de fundos do Estado.
“Não posso dizer que é uma vitória para mim, mas sim vem a se confirmar o que sempre disse, que nenhum dos meus clientes desviou qualquer tostão do Estado. Se estão lembrados, inicialmente vinham referenciados como tendo desviado 220 milhões de meticais, mas conforme a pronúncia do Tribunal Supremo, esses valores baixaram muito e estamos a falar de cerca de 30 milhões de meticais mal aplicados e não desviados. Tal como eles, estou satisfeito pelo curso normal do processo e agora é só aguardar por novos passos, que passam necessariamente pelo julgamento” – explicou o causídico.
O ex-ministro do Interior e os seus antigos quadros foram detidos na sequência das investigações feitas com relação ao desfalque monetário das contas relativas ao exercício de 2004, segundo consta do dossier da auditoria feita às contas do Ministério do Interior, por ordens do actual titular da pasta, José Pacheco.
Na altura, José Pacheco solicitou a auditoria para avaliar o estado de desenvolvimento dos recursos humanos e gestão administrativa e financeira do sector, que começou a chefiar em Fevereiro de 2005.