Tensão na Renamo
Está um ambiente de cortar a faca nas hostes da Renamo. Primeiro foram os 16 deputados que tomaram posse aquando do agendamento da famigerada manifestação contra os resultados eleitorais terem vindo a público criticar a liderança da Renamo imputando-lhe todas as culpas pelos sucessivos desaires eleitorais, parece que a guerra agora é entre perdizes singulares. Depois foi Fernando Carrelo na Beira. Agora é Fernando Mazanga que reage.
Na sexta-feira passada, o membro sénior da Renamo, Fernando Carrelo apareceu na Sede daquele partido, na cidade da Beira, com um batalhão de jornalistas querendo formalizar o seu desligamento daquele partido, aliás facto que já vinha por ele sendo anunciado. Carrelo diz que pretende agora se dedicar à sua vida a questões pessoais.
Os membros da Renamo, que na altura da chegada de Carrelo se encontravam na sede não permitiram a entrada de Carrelo nos escritórios da Renamo, e igualmente não receberam os seus documentos, tendo-o escorraçado. “Vai entregar os documentos na sua casa diziam os membros da Renamo”. Nisso, Carrelo insatisfeito porque no seu entender é uma atitude antidemocrática e contra a liberdade de pensamento, disse à imprensa presente que os membros na Renamo não entendiam o valor da liberdade de escolha.
Em reacção, Fernando Mazanga, porta-voz da Renamo, disse a reportagem do Canalmoz que a saída de Carrelo da Renamo não é nenhum problema. Critica apenas a forma como o mesmo está a pretender sair. Aliás chega mesmo a apelidar de “espectáculo ridículo”.
Mazanga disse que o que explica o “espectáculo gratuito que Carrelo pretende trazer ao público” é que “quando este se apresentou ao partido como membro não precisou da imprensa para reportar a sua filiação”.
“Ele não precisa de entregar documento nenhum à Renamo. Quando um funcionário se reforma não precisa de trazer documentos a empresa”, disse Mazanga.
“Carrelo na verdade, quer ir provocar abelhas no seu ninho, e quando as abelhas são provocadas elas reagem e o seu agir é imprevisível”, avisou Mazanga.
A tensão entre os dois membros, que aliás são charás, visto que ambos têm Fernando como primeiro nome, não é de hoje. O desrespeito de um pelo outro começa quando Carrelo manifestou pela primeira vez o desejo de abandonar a Renamo, alegadamente para cuidar da sua vida pessoal. Em reacção, Mazanga teria dito que aquele quadro sénior “se comportava como um camaleão”, ou seja, mudava de postura facilmente. Carrelo que por sua vez não gostou do adjectivo (camaleão) disse que saiu por vontade própria, e que sempre deu tudo pela Renamo, inclusive suportou gastos financeiros para pagar despesas daquele partido na delegação da Beira. Nisso reduziu o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, num simples “Mazanguito” que “não tem autonomia de o rotular de camaleão”. Agora Mazanga reinsurge-se novamente contra o seu colega, dizendo que está a encenar num espectáculo ridículo. Está de cortar à faca o ambiente na Renamo. O eleitorado andará satisfeito com tanta polémica deste tipo? (Matias Guente)
CANALMOZ – 15.02.2010