SAVANA NO INFORMAL
Por Armando Nenane
DEPOIS DE SE cansar de ver as zonas libertadas a serem ocupadas pela sra. Mentira, um dia a sra. Verdade decidiu pedir uma licença disciplinar.
- Não me despeço – disse no seu último adeus, meio transtornada.
E a sra. Verdade retirou-se das zonas libertadas e
A sra. Verdade estava cansada, desesperada de tanto ser vergastada que acabou cedendo o seu lugar para a sra. Mentira, remetendo-se a um estágio de letargia.
Ao contrário da sra. Verdade, que preferiu retirar-se de cena por algum tempo, a sra. Mentira, essa, mesmo no seu tempo de letargia, nunca se deixou ficar fora de jogo.
Muito pelo contrário.
A sra. Mentira sempre andou de olhos postos nas zonas libertadas,
MAS UM DIA um senhor idoso, desses habituados a andar de mãos dadas com os perigos, veio explicar que a verdade e a mentira eram, no fundo, irmãs gémeas, referindo que aquele que num momento anda de mãos dadas com a mentira num outro momento poderá andar de mãos dadas com a verdade, o que acaba por ser a mesma coisa.
A discussão do Machado da Graça, de mãos dadas com a verdade que a experiência confere, com um tal Tadeu Phiri, de mãos dadas com a mentira que o mérito do pseudónimo confere, faz lembrar as fábulas simplistas do rato que olha de esguelha para a ratoeira, do milhafre que se prepara para dar um bote e da sra. Mentira que se passeia pelos arredores das zonas libertadas na esperança de a qualquer momento aplicar a técnica astuta do milhafre.
- Onde Samora aconselhava que se matasse o crocodilo ainda pequeno, agora defende-se que não nos devemos envergonhar de ser ricos...
(da Graça, in “Talhe de Foice”, nº 839)
A VERDADE – deixando agora as fábulas abusivas de rentrée – é que parecia mentira que um dia o poeta Armando Artur, amigo nosso e da verdade, ia virar ministro, pois essas burocracias de governar nem sempre se compadecem com a colocação de versos certos no lugar certo. Manuel Tomé, um político que também um dia se emprestou à música, é que lhe dá a força: “Ndapota, ndapota... ndapota!”,
A VERDADE é e não pode não ser. E isto é verdade, também. Que o diga o presidente cessante da Assembleia da República, Eduardo Mulémbwè, ele que na hora da verdade mandou dizer aos seus homólogos caseiros que não quer fazer parte de comissão de trabalho coisíssima nenhuma. Que isso não é inconstitucional, não é mano Luís? (mano Luís Mondlane, presidente do Conselho Constitucional).
QUANDO A VERDADE saiu das ruas pensámos que tivesse sido a reedição da fábula do combate entre a verdade e a mentira pelo controlo das zonas libertadas. E não é que voltou esta semana? O Editor do Jornal @verdade, João Almada, tratou de explicar e bem explicadinho aos leitores por onde andou, pondo em baixo até as mais bizarras especulações. Ele aí de máquina a tira-colo, pose numa de ver tudo... verdade acima.
QUEM TAMBÉM nos anda a lembrar a fábula da verdade e da mentira é o nosso amigo Renato Matusse, sempre de esguelha, cabeça adentro, ouvindo aqui ouvindo ali para que nada que se diga ao Presidente Guebuza, de quem é conselheiro, lhe escape ao crivo. Dado a falar até ser entendido, o embaixador da Itália, Carlo Locascio, vai contando isto e aquilo. Matusse?
DA VERDADE ouvida sobre o assassinato do pai, Nyeleti Mondlane pode ter dito em momento impróprio, quando eram as eleições, algo que não nos lembra nem o diabo nem a fábula da verdade e da mentira. Lembrando Uria a gente aqui fotografa também Chissano e Marcelina.
SAVANA – 12.02.2010