“Curandeiro” e cabecilha do grupo “desapareceu” da cadeia em Manica
➢ Os indiciados tinham como vítimas preferenciais mulheres solteiras e que não tivessem mantido uma relação sexual nas últimas 48 horas. Todos os crimes foram praticados no interior das casas das vítimas, onde os criminosos se introduziram pelo telhado
Quatro dos cinco arguidos do caso de extracção de órgãos em Manica, Centro de Moçambique, foram condenados a penas pesadas, mas o quinto, suposto cabecilha, “desapareceu” da prisão.
O Tribunal Judicial Provincial de Manica (TJPM) condenou os quatro a 24 anos de prisão e uma multa de 300 mil meticais. Os arguidos estavam acusados de extracção, em fins de 2008 e primeiro trimestre de 2009, de órgãos genitais a quatro mulheres em Manica.
O quinto elemento, Samuel Maedza, um famoso “curandeiro” da região que
era tido pela Polícia como o mandante do crime, “desapareceu” da prisão e está em lugar incerto.
O juiz-presidente do TJPM terá recusado, em meados do ano passado, um pedido de liberdade condicional feito pelo arguido.
Ao certo ninguém quer/ sabe dizer o que efectivamente aconteceu ao “curandeiro”, se escapou das celas, foi liquidado, ou se fugiu.
A população de Macuiana e Maedza ameaçara linchar o “curandeiro” caso
voltasse a habitar aquela região do Norte do distrito de Mossurize, devido ao
seu suposto envolvimento no crime.
Condenados recorrem
“Após a leitura da sentença, os arguidos interpuseram recurso que
neste momento está no Tribunal Supremo”, disse uma fonte judicial.
Os quatro homens condenados tinham sido detidos pela Polícia em Março de
2009 depois de várias denúncias populares sobre o seu alegado envolvimento em esquemas de tráfico de órgãos humanos em Mossurize, Sul de Manica.
O Tribunal deu como provado que o grupo aprisionou e matou a sangue frio as quatro mulheres (entre Dezembro de 2008 e Março de 2009) para lhes extrair a língua, esófago, clítoris e útero, órgãos que são usados com frequência naquela região por “curandeiros” para “fins obscuros”.
Segundo informações da Polícia, os indiciados tinham como vítimas preferenciais mulheres solteiras e que não tivessem mantido uma relação
sexual nas últimas 48 horas.
Todos os crimes foram praticados no interior das casas das vítimas, onde os criminosos se introduziram pelo telhado.
A Polícia terá conseguido apreender alguns instrumentos do crime (canivetes e catanas), mas em nenhuma ocasião terá apanhado os suspeitos em flagrante.
Dos acusados, dois foram presos na vizinha República do Zimbabué e outro a caminho da África do Sul.
Em Moçambique, Malaui, Zimbabué e na África do Sul acontece com alguma frequência o uso de órgãos humanos para feitiçaria. A associação dos médicos tradicionais tem-se demarcado destas práticas.
CORREIO DA MANHÃ – 15.02.2010