EDITORIAL
Na superfície tudo parece uma decisão sensata, normal para um país normal. Porém, uma análise mais profunda da questão revela uma decisão cínica, uma fraude de gigantescas proporções.
É isso que representa a decisão do governo de introduzir a inspecção obrigatória de veículos. Trata-se de uma decisão que seria normal em condições normais. Mas as condições aqui não são normais.
A inspecção obrigatória de veículos é um procedimento normal em vários países, tendo
Mas nesses países o Estado assume
No nosso caso o Estado moçambicano não tem o poder moral de exigir que viaturas estejam em boas condições mecânicas, ao ponto de impor uma inspecção que se torne a condição para a circulação de viaturas.
Não tem poder moral porque tanto ele
Ao que tudo indica, a introdução das inspecções é uma decisão tomada com o intuito de satisfazer os interesses de um grupo de pessoas influentes que viram num procedimento legítimo e normal em sociedades normais
Argumenta-se que a introdução do sistema de inspecção irá contribuir para a redução de acidentes de viação, que muito luto têm estado a causar no seio de muitas famílias moçambicanas. Que falácia!
Embora seja verdade que viaturas em más condições mecânicas possam ser uma das principais causas dos acidentes de viação, a outra verdade é que grande parte dos acidentes de viação que se verificam nas nossas estradas são causados pela deficiente formação de uma grande parte dos automobilistas que diariamente se põem atrás do volante.
E se a proliferação de acidentes é a principal preocupação do governo, então o primeiro ponto de intervenção deve ser nas escolas de condução e no serviço nacional de viação que têm dado cobertura a esquemas de corrupção que tornam habilitadas pessoas que nem sequer deveriam estar nas proximidades de um volante. É lá onde a inspecção deve começar.
SAVANA – 12.02.2010