A Agência das Nações Unidas para o Comércio de espécies selvagens recusou o pedido da Tanzânia e da Zâmbia de venda de marfim, por receios de abate ilegal.
Os dois países solicitaram à Convenção Internacional de Comércio de Espécies em Perigo de Extinção (CITES), permissão para vender as reservas de marfim do governo.
O comércio de marfim foi banido em 1989, e desde então duas permissões foram dadas a países que demonstraram eficácia na conservação de espécies.
O Quénia desistiu de uma proposta para banir a proibição de vendas de marfim por 20 anos, depois de ter recebido pouco apoio.
Vários grupos de conservação florestal regozijaram-se com a recusa dos pedidos da Tanzânia e da Zâmbia.
"Esta é uma grande vitória para os elefantes," disse Jason Bell-Leask, director de operações da International Fund for Animal Welfare (Ifaw), na África Austral.
Outros defenderam que o grande problema dos elefantes africanos é o abate ilegal e não a venda legal ocasional.
"O ponto-chave do abate ilegal do elefante continua a ser a existência de mercados domésticos ilegais de marfim em algumas partes de África e Asia," disse Steven Broad, Director Executivo da Traffic, o organismo responsável por monitorar o comércio ilegal de espécies selvagens.
O mais recente relatório da Traffic mostra que o abate ilegal de elefantes e o contrabando de marfim é bastante comum na África Ocidental, com a cumplicidade de vários paises asiáticos.
A Nigéria, a República Democrática do Congo e a Tailândia são os maiores violadores das normas de combate ao comércio de marfim.
Grupos de crime organizado estão cada vez mais envolvidos neste comércio lucrativo.
"O abate e venda ilegal de marfim na África Central e Ocidental devem ser combatidos de forma eficaz antes que outras vendas aconteçam," disse Elisabeth McLellan, gestora de programas da WWF International.
Motivos da rejeição
Um relatório de especialistas lançado no ponto mais alto da conferência, levantou questões sobre até que ponto os círculos de crime organizado estão envolvidos em operações de abate de elefantes e contrabando de marfim na Tanzânia.
Apesar de ter elogiado os serviços de protecção da fauna bravia da Tanzânia, pelo seu "profissionalismo", o relatório apresentou sinais de fraqueza no compromisso de reforço da lei e na fraca coordenação entre os serviços de Fauna Bravia e as Alfândegas.
A Traffic também salientou que quase metade do marfim nas Reservas Governamentais - as fontes das vendas de marfim – são de origem desconhecida.
Como resultado, recomendou que fosse rejeitado o pedido da Tanzânia. As mesmas falhas estiveram na origem da rejeição da proposta da Zâmbia.
A diferença de votos que ditaram esta rejeição foi extremamente curta, e este país da África Austral poderá solicitar que o assunto seja reaberto na quinta feira, o último dia da Conferência.
BBC – 22.03.2010