Além disso, a GLOBE vai dedicar-se à extracção de minerais de pedras preciosas, enquanto outras empresas ainda não arrancaram com as suas actividades, numa altura em que continuam as pesquisas geofísicas dos minérios.
Com efeito, uma gama de infra-estruturas socioeconómicas está sendo implantada no terreno com a vida a conhecer nova dinâmica, com o registo de um movimento desusado de pessoas e bens provenientes de quase todo o mundo.
O primeiro comboio de serviço já apita em Moatize e, tal como foi no passado, isto constitui grande alegria para todos porque, de facto, vai permitir o escoamento de produtos do Porto da Beira.
“Todo este movimento só tem valor com o escoamento do carvão ao destinatário, principalmente por comboio, por ser seguro, barato e transportar elevadas quantidades de carga e passageiros, permitindo o desenvolvimento de toda a região do vale do Zambeze”- precisou o administrador de Moatize, Adelino Andissone Silveira.
Ciente disso, os CFM, que contam na vila de Moatize com 83 casas, maioritariamente em estado de degradação, procede à recuperação dessas infra-estruturas, em moldes de entregues a terceiros.
Moatize reedita assim a terminal de carga e seus habitantes têm motivos suficientes para sorrir, facto consubstanciado com a actual explosão demográfica, que passou de 11 mil para 217.190 habitante, sendo que maior movimentação desemboca na vila.
Os agentes económicos preocupam-se para atender o público. Aliás, a presença dessas empresas lhes obriga a melhorar a prestação de serviços, conforme confessou o comerciante Abide Abdul Karimo.
Por outro lado, as autoridades administrativas esperam piores momentos da subida do índice da criminalidade, estando preparadas para responder à situação e a juntar todas as forças vivas da sociedade.
Para além dos seis bairros residenciais, emergem ainda na vila de Moatize novas habitações, como, por exemplo, a zona de “25 de Setembro”, que já conta com mais de 300 casas erguidas pela Vale Moçambique, com energia permanente, água potável, estabelecimentos de ensino e sanitário, entre outras infra-estruturas básicas.
A prestação de serviços nos transportes públicos e indústria hoteleira e similares completa o pulsar da vida em Moatize.CFM PREPARA-SE PARA O DESAFIO
A EMPRESA Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique-Centro afirma-se preparada para enfrentar novos desafios da transformação de Moatize em zona franca, com a entrada em actividade no próximo ano da multinacional brasileira Vale Moçambique.
Com efeito, a firma começa a repensar seriamente nos modelos mais adequados de transporte de carga ao longo da Linha de Sena até ao Porto da Beira. Tudo isto se deve às expectativas que apontam para um intenso tráfego ferroviário ao longo da via que, neste momento, tem apenas capacidade instalada para oito a dez milhões de toneladas por ano.
No dizer do director da brigada de reconstrução da Linha de Sena, Eng. Cândido Jone, à medida que for aumentando o volume de mercadorias a referida via vai gradualmente melhora a sua capacidade.
Fundamentou que, perante o previsto movimento invulgar do tráfego, com o transporte de carvão e outras cargas, a Linha de Sena será dotada para comboios longos, com sinalização adequada vagões com maior capacidade, entre outros aspectos e a sua capacidade poderá gradualmente atingir 30 milhões de toneladas por ano.
Dados disponíveis indicam que os primeiros comboios comerciais para Moatize iniciam ainda neste semestre. Isto vai ser concretizado depois dos trabalhos actuais de balastragem, concretamente entre as estações de Doa e Moatize, numa extensão de 146 quilómetros.
A avaliar pela qualidade das obras de reconstrução dessa ferrovia, com um raio total de 574 km, Jone afirmou que a Linha de Sena, bem explorada, pode servir a todas as empresas mineiras em Moatize.
A fonte precisou ainda que o comboio de passageiros e carga já pode ligar as províncias de Sofala e Tete, nomeadamente as estações ferroviárias da Beira e a vila carbonífera de Moatize. Entretanto, ainda só poderá ocorrer em caso de qualquer situação de emergência.
Tais locomotivas de emergência devem obedecer, no entanto, a uma velocidade condicionada de 25 km/hora entre as estações de Doa e Moatize, num trajecto de 146km que ainda se encontram na fase de balastragem, em que o comboio de passageiros circula nos trajectos Beira-Dondo, Beira-Marromeu e Beira-Dona Ana.Depois disso seguir-se-á a completa balastragem, alinhamento, nivelamento e ataque mecanizado, além da soldadura dos carris de estação em estação, numa linha contínua sem juntas. Concluída esta fase da empreitada, espera-se a circulação oficial de comboios de passageiros e carga.
Contudo, o empreiteiro, de origem indiana, denominado RICON, deverá entregar dentro do prazo especificado para cada “item” destas componentes, razão pela qual neste momento ainda não há datas fixadas para a conclusão deste mega-projecto.
Trata-se do mega-projecto que sempre conheceu incumprimentos de prazos de conclusão por parte do empreiteiro, pela alegada falta de planificação do “stock” de materiais, passando sucessivamente de Janeiro, Abril, Julho, Setembro até Dezembro. E a via só viria alcançar Moatize em Janeiro passado.
Entretanto, nunca houve paralisação da actividade por falta de fundos. Tecnicamente, quanto aos trabalhos físicos da empreitada, relativamente à durabilidade não há razões de queixa.
Até finais deste ano vão ser concluídos os trabalhos de restauração física das 33 estações e apeadeiros existentes na Linha de Sena, cuja actividade arrancou com a reabilitação de algumas dessas infra-estruturas, incluindo casas para trabalhadores em Doa, Mutarara, Inhamitanga, Caia e Sena, através da contratação de ABRASIVE Construções e Kaniva Construções, num valor orçado em dois milhões de dólares. O Clube Ferroviário de Kambulatsitsi está igualmente restaurado.
De acordo com a nossa fonte, que é igualmente director-executivo da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique-Centro, a reabilitação da Linha de Sena desde 2006 até Janeiro passado já consumiu mais de 137 milhões de dólares americanos, financiados pelo Banco Mundial, Banco Europeu de Desenvolvimento e accionistas da Companhia Caminhos de Ferro da Beira.MUNÍCIPES ANSIOSOS
OS munícipes da vila ferroviária de Moatize estão ansiosos com o desenvolvimento de múltiplos projectos relacionados com a exploração mineira. Vaticinam mesmo que a sua vida poderá catapultar, a avaliar pelo elevado interesse de investidores nacionais e externos.
Pessoas que pura e simplesmente sobreviviam de carvão vegetal são recrutadas em plena rua ao emprego. Os pescadores da kapenta da albufeira de Cahora Bassa são os únicos que ainda resistem na actividade informal.
De acordo com o operador agro-pecuário José Francisco, a vida dos residentes da vila de Moatize vai melhorar com a execução de projectos âncoras, nomeadamente a circulação de comboios e a exploração mineira.
Para Maurício Fumo Fernandes, de 90 anos de idade e reformado dos CFM, é uma alegria o ressuscitar da vida em Moatize, factores que contribuem para o desenvolvimento da província de Tete e do país em geral.
A fonte, que vive em Moatize desde 1956, considera que aquela vila caminha para ultrapassar positivamente os índices da pobreza absoluta, pois a população activa tem emprego localmente garantido, o que já não acontece noutras regiões deste vasto e belo Moçambique.
José Nhacicacica Domingos alinhou igualmente pelo mesmo diapasão, acrescentando que tudo isto representa uma vitória para o povo.
“Estou satisfeitíssimo com a montagem da Linha de Sena até Moatize e o aparecimento de várias empresas na exploração do nosso carvão mineral, porque assim temos escolas, postos de saúde, fontes de água, estradas melhoradas, novas casas, emprego, entre outros benefícios directos e indirectos”.
Por seu turno, Luís Labissone Chinhanda resumiu que “toda a gente está satisfeita pelo facto de Moatize reeditar a terminal de carvão mineral, tal como era no passado, mas que, desta vez, conhece maior dinâmica dos operadores.
Prostituição acompanha nova dinâmica da vida
O administrador de Moatize, Adelino Andissone Silveira, afirmou que com o pulsar da vida na sua área de jurisdição torna-se praticamente difícil amainar a prostituição.Na verdade, viemos a saber que Moatize conta com uma presença significativa das “trabalhadoras do sexo” ou prostitutas, maioritariamente provenientes do vizinho Zimbabwe. Circulam elevadas somas monetárias e três agências bancárias estão posicionadas no terreno.
Embora reconheça que o mal veio por bem, o administrador de Moatize anotou que a “invasão” que a vila sofre faz parte do resultado da região se transformar em zona franca. Polícia de profissão, Silveira advertiu, entretanto, que as autoridades garantem a manutenção da Lei e Ordem, repelindo todos aqueles que perturbam a tranquilidade pública.
Localizada ao longo das margens da Estrada Nacional Número Sete, que liga Vandúzi, em Manica e Zumbo, fronteira com Malawi, a vila de Moatize vive, de facto, um ambiente bastante invulgar de noite e de dia, com os automobilistas de longo curso, turistas nacionais e estrangeiros em divertimento constante, motivados pela prostituição.
Praticamente não se dorme na vila de Moatize, com a poluição sonora das barracas e dos automobilistas. Afinal, defronte da única pensão de duas estrelas, que também funciona como restaurante e bar durante 24 horas, há um condomínio de 24 quartos ocupados por 87 “trabalhadoras do sexo”, cuja renda mensal está fixada em 150 meticais cada ocupante.
A maioria vive em Moatize a partir de Dezembro passado em exclusiva actividade de prostituição. O seu “modus vivendi” é caracterizado, à luz do sol, pelo tratamento do corpo, desde massagens e cabelo, enquanto todas as noites ficam exclusivamente reservadas aos parceiros ocasionais, cujo cenário se multiplica até à ponte Samora Machel que liga a cidade de Tete.
Em contacto com Tsiti Jorge, jovem de 25 anos de idade e natural de Gwero, no Zimbabwè, soubemos que a actividade em alusão tende a ganhar corpo nos últimos tempos em Moatize, sobretudo com a instalação de empresas mineiras.
Conta que mensalmente se desloca ao seu país para despesas familiares, sendo que o metical é posteriormente trocado em dólares americanos na fronteira entre os dois territórios.
Contrariamente, a Tenday Sithole, de 26 anos e natural de Harare, abriu em Moatize uma cabelaria como resultado do trabalho de sexo que, entretanto, continua a praticá-lo.- Horácio João