Moçambique e África Sul possuem um acordo para recrutamento de mão-de-obra para as minas desde 1964, sendo que este processo é descrito como mais organizado que o das farmas. Para a OIM a mão-de-obra moçambicana apresenta boa qualidade, não só internamente, mas também no estrangeiro, daí entender que Moçambique deve organizar e inovar o processo de selecção e colocação da sua mão-de-obra no mercado laboral internacional e com isso ajudar o desenvolvimento integral do país.
Bernardo Mariano Joaquim, representante regional da OIM para África Austral, que, coincidentemente, é moçambicano, vê essa oportunidade como uma forma de garantir a Moçambique múltiplas vantagens, nomeadamente a de minimizar a problemática do desemprego, a qualificação da sua mão-de-obra enquanto estiver a trabalhar na diáspora, a melhoria de remessas económicas e financeiras familiares, bem como pelo facto de muitos deles após o regresso poderem enveredar pela promoção de pequenos projectos e com isso criar mais postos de emprego no país.
A direcção do Ministério do Trabalho já acolheu positivamente a proposta da OIM podendo, juntamente com o representante desta instituição em Moçambique, o australiano Stuart Simpson, começar em breve abordagens mais específicas sobre a matéria, que não só interessa a Moçambique como também à própria ONU no contexto do combate ao emprego precário. Em quase todos cantos tem sido sistematicamente reportadas situações de exploração laboral de imigrantes, destacando-se aqueles que ostentam um nível de desenvolvimento assinalável ou com grandes capacidades de oferta de emprego.
O Governo e a OIM poderão celebrar um memorando de entendimento tendo como principal propósito a defesa dos interesses laborais e contratuais de moçambicanos a trabalharem nos países para os quais vierem a ser contratados, bem como daqueles que actualmente se encontram a trabalhar sob riscos próprios em muitos sectores fora das minas na África do Sul, como são os casos das farmas, comércio e construção civil.
Em relação aos moçambicanos nas farmas da África do Sul, onde muitos têm-se introduzido sem a observância das regras migratórias e contratuais locais, o Governo já conseguiu legalizar seis mil trabalhadores, num processo sistemático e que se aposta permanente.
No sector mineiro sul-africano trabalham, presentemente, mais de 41 mil moçambicanos e apresenta-se como o mais organizado, daí que a OIM, tal como o próprio Governo têm vindo a esforçar-se nos últimos tempos no sentido de apoiarem as transferências de ganhos sociais para o país de origem, isto é, permitindo que esses trabalhadores tenham o seu seguro social em Moçambique.