"O MFDC nunca desejou a guerra, sempre quis negociar com o Estado senegalês, mas este é que se faz de surdo", declarou César Atoute Badiate.
Os rebeldes do Movimento das Forças Democráticas da Casamança (MFDC) reiteraram, no fim-de-semana, a sua disposição para retomar negociações directas com o Governo senegalês sobre o conflito independentista na Casamança, no sul do país.
"O MFDC nunca desejou a guerra, sempre quis negociar com o Estado senegalês, mas este é que se faz de surdo", declarou César Atoute Badiate, um dos comandantes da ala militar do MFDC numa entrevista publicada em Dakar pelo diário "Le Quotidien".
Badiate falava na sequência do recrudescimento de assaltos à mão armada atribuídos a grupos afectos ao MFDC e que levaram as Forças Armadas Senegalesas (FAS) a lançar uma operação de limpeza nas periferias de Ziguinchor, capital regional da Casamança.
Mas, na sua entrevista, o líder rebelde responsabiliza as FAS pelo reatamento das hostilidades no sul do país, afirmando que elas começaram, desde 2009, o "desmantelamento das nossas bases".
"É isso que explica a retomada dos combates na periferia de Ziguinchor (...) As coisas tinham-se acalmado mas, desde 18 de Março deste ano, as Forças Armadas voltaram à carga mais uma vez para nos desalojar das nossas bases", disse.
Negando que o seu movimento pretenda abraçar a via das negociações por estar numa posição de fraqueza, Badiate insistiu que o país chegou à situação actual devido à relutância governamental.
"O MFDC nunca desejou a guerra. É o Senegal que no-la impôs. E nós somos obrigados a defender-nos", declarou, desmentindo a existência de contactos com o Governo do Presidente Abdoulaye Wade para o início de negociações directas tal como anunciado por este último.
Segundo ele, o Presidente Wade nunca contactou nenhum dos actuais chefes de guerra do MFDC, pessoalmente ou através dos seus emissários, mas que o movimento está disposto a iniciar "negociações sérias e francas e globais".
A este propósito, indicou que o MFDC propôs como facilitadores de eventuais negociações o cardeal Adrien Sarr, o imã Ratib Nfansou Bodian, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cheikh Tidiane Gadio, o jornalista Amadou Ly Diome e o activista Emile Zola Coly.
AFRICA21 – 30.03.2010