Estes animais fazem parte do leque das espécies preferidas pelos “furtivos” devido ao elevado valor de comercialização do seu material. Do rinocenronte é extraído o corno ou troféu. Do leopardo é extraído a pele, e do elefante é extraído o marfim.
As regiões de Mapulanguene, Mapai, Machamba e Makhandazulo, distritos de Mabalane, Massingir, Chicualacuala e Magude são apontados como sendo as origens de maior parte dos caçadores furtivos.
As autoridades ligadas à gestão do parque tendem a redobrar esforços com vista a estancar o mal, mas deparam-se com a falta de meios de combate eficaz à actividade dos “furtivos”.
Segundo o acessor técnico do PNL, Billy Swanepod a existência de comunidades a residir dentro do parque é um dos factores que faz com que a caça furtiva atinja níveis assustadores, isso porque os “furtivos” entram nas comunidades como residentes e depois fazem as suas incursões disfarçados de populares.
Devido a caça furtiva o parque conta agora com apenas sete ou oito rinocenrotes. Nos últimos quatro anos, na área do parque foram identificados 5 rinicerontes mortos, no Sul do Parque do Kruger, principalmente a partir do distrito de Magude e o Sul do distrito Massingir.
As autoridades referem que com o reduzido efectivo de rinocerontes dentro do PNL, os caçadores furtivos tendem a atravessar o parque evadindo o lado sul-africano, no Kruger Park, principalmente a parte sul deste para abater os rinocerontes. Estima-se que desde 2008 até a esta parte, tenham sido abatidos e posteriormente retirado os seus troféus, em toda RSA, acima de 90 rinocerontes.
Uma delegação composta por quadros ligados à fiscalização e segurança do PNL esteve recentemente na RSA onde foram informadas que estão presas naquele território em conexão com a caça furtiva cerca de 22 moçambicanos, o que de acordo com os sul-africanos revela fraca fiscalização da parte moçambicana. Do lado moçambicano estão detidos e aguardando por julgamento, três cidadãos nacionais em conexão com a caça furtiva.
Segundo revelaram as autoridades do parque os “furtivos” aplicam tácticas cada vez mais sofisticadas e usam material de guerra. De acordo com o pessoal ligado à fiscalização, os “furtivos” usam para suas incursões de abate no PNL, instrumentos como armas de fogo, arcos/flechas sofisticadas e envenenamento. Presume-se que as armas venham da África do Sul, Maputo e Mabalane.
Acredita-se que a rota da comercilização dos objectos adquiridos dentro do PNL assim como do Kruger seja Maputo-África do Sul-Ásia. Aliás, o acessor técnico do PNL disse que o mercado asiático é o mais preferido por ter elevado número de consumidores destes produtos.
FADM FISCALIZAM PARQUE
Os efeitos negativos da caça furtiva levaram as autoridades nacionais à uma abordagem multisectorial para garantir a fiscalização e protecção das espécies dentro do PNL. Neste contexto o Ministério do Turismo (MITUR) assinou um memorando de entendimento com o Ministério da Defesa Nacional (MDN) com vista a melhorar o sistema de fiscalização no parque. Basicamente o memorando tem por objecto o estabelecimento de cooperação bilateral, visando a participação de elementos das Forças Armadasa e de Defesa Nacional (FADM) na fiscalização nos Parques e Reservas Nacionais, sob tutela do Ministério do Turismo.
Ao todo serão destacados 40 elementos das Forças Armadas de Moçambique no processo, que irá decorrer em duas fases, sendo que primeira com 20 elementos e seguda com outros restantes 20.
Assim o parque já elaborou um currículo para formação dos militares em matéria básica de caça fuitiva, conflito homrmanimal e reassentamento. A formação poderá arrancar brevemente, estando-se agora a tratar questões ligadas a logística e orçamentos no MDN.
No processo de fiscalização do PNL as autoridades moçambicanas contam com o auxilio da sua contraparte sul-africana gestora do Kruger Park. Aliás, recentemente uma delegação ligada à fiscalização e segurança do PNL esteve a participar de uma reunião sobre a fiscalização dos Parques promovida pela sua congênere da África do Sul, onde foi abordada a a necessidade de se reforaçar os mecanismos de segurança para combater a caça furtiva.
No entanto, a Administração do distrito mostra-se preocupada com a caça furtiva e a consequente e possível extinção de certas espécies. Maria Emília Machongane, administradora de Massingir afirma que há todo um esforço coordenado para intensificar a segurança no parque e no distrito.
Afirma ainda que a intensificação da segurança no parque está criada a três níveis, nomeadamente a exigência nas entradas, a fiscalização e patrulhamento dentro do parque e o trabalho da guarda fronteira. No seu entender, a intensificação da segurança do parque contra os furtivos, deve ser coordenada a todos os níveis, isto é, com o envolvimento da polícia, a comunidade e do parque.
Destacou, igualmente, a boa relação que existe com a polícia sul-africana, no combate quer da caça furtiva assim como de roubo de viaturas, tendo confirmado ter conhecimento de viaturas roubadas na África do Sul que entram pelo distrito. Disse que as autoridades sul-africanas estão em permanente contacto com as autoridades do distrito na troca de informação inerente à segurança de ambas as partes.
AUTORIDADES ACELERAM REASSENTAMENTO
O processo de reassentamento das populações que se encontram a viver, no vale do Chinguezi, dentro do Parque Nacional do Limpopo (PNL), está a ganhar uma nova dinâmica, numa acção levada a cabo com o objectivo de se minimizar os danos resultantes do conflito homem e fauna bravia.
São ao todo nove comunidades que vivem dentro da circunscrição do parque e que estão a ser objecto do Programa de reassentamento. São elas as comunidades de Nanguene, Macavene, Mavodze, Bingo, Massingir Velho, Machamba, Chimangue, Makandezulo A e Makendezulo B, sendo que um delas, a aldeia de Nanguene já está totalmente reassentada.
De acordo com as autoridades do parque, apesar de alguns sobressaltos considerados normais, o programa de reassentamento decorre normalmente na base da Política de Reassentamento. Tal política preconiza a implementação de um processo integrado que beneficia directamente os reassentados, envolvendo para o efeito um pacote de compensação acordado entre as partes.
Para o feito, foi criado um Comité Consultivo de Reassentamento (CCR) composto pelos Directores Provinciais de Turismo, Agricultura, Obras Públicas e Habitação, de Coordenação da Acção Ambiental, o Administrador do PNL, os Administradores dos distritos de Chicualacuala, Massingir e Mabalane, os Líderes Comunitários das nove aldeias afectadas e representante do Forum das ONG’s que trabalham em coordenação com o PNL.
Neste momento, a administração do Parque trabalha com dois Planos de Acção de Reassentamento (PAR), que já foram implementados em Nanguene de onde foram transferidas 18 famílias para a aldeia de Chinhangane, e em Macavene com a construção de 20 casas para respectivas famílias que optaram por serem reassentadas em Tihovene, vila sede do distrito.
Aliás, estão a decorrer as obras de manutenção das primeiras dezoito (18) casas de reassentamento das comunidades de Nanguene na aldeia de Chinhangane em virtude das mesmas terem apresentado ao longo do ano passado algumas fissuras.
As autoridades do Parque referem que devido insuficiência de fundos para a fase piloto do programa, as restantes famílias contempladas no PAR de Macavane a serem transferidas para Banga serão incluídas na fase principal de reassentamento que envolve cerca de 1100 famílias a serem transferidas, do vale do Chinguezi, para fora do PNL.
Neste momento as restantes sete aldeias esperam pelo censo que não foi conduzido por várias razões, como insuficiência de pessoal do Programa, problemas emergentes que desviaram a atenção e o curso das actividades do PNL – a implementação do Projecto ProCana numa área de 30.000 ha previamente identificada como potencial para o reassentamento, especialmente para pasto, e a insuficiência de fundos no decorrer do processo.
Para cada uma das famílias transferidas foi compensada a casa principal por uma outra de alvenaria e as restantes foram compensadas por valores monetários. Foi construído um sistema de abastecimento de água com ramificação de fontenárias que beneficiam os reassentados e a aldeia hospedeira, contudo a água do furo é salubre.
As obras estão a cargo da Hector Construções Lda empreiteiro contratado para construir as 20 casas em Tihovene para as respectivas famílias de Macavene. A construção em curso, regista algum atraso resultante de vários motivos, como por exemplo a escassez de cimento que se fez sentir desde os finais de 2009 e as dificuldades daí emergentes típicas de empreiteiros.