Continuam no desemprego cerca de 3300 antigos assalariados da indústria do caju, despedidos na década 90, em Moçambique, na sequência do encerramento de todas as fábricas devido à exportação em bruto da castanha de caju para a Índia, principalmente, por ordens do Banco Mundial (BIRD) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Apenas retornaram aos seus antigos postos laborais os cerca de 6700 antigos trabalhadores que faziam parte do grupo dos cerca de 10 mil despedidos, segundo Guilherme Chavana, secretário para Organização e Administração do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria do Caju (SINTIC).
O regresso daquele contingente deveu-se, essencialmente, à revitalização da indústria do caju ora em curso, em Moçambique, tendo sido abrangidas 28 unidades de processamento, no quadro dos novos investimentos em acção a ser feitos, acompanhados do programa de fomento da cultura pelo Instituto de Fomento do Caju (INCAJU).
42% dos regressados à produção do caju encontram-se filiados no SINTIC, “o que é encorajador dado que há cerca de nove anos tínhamos perdido quase todos os nossos membros devido à crise que fustigou o sector”, realçou Chavana em declarações ao Correio da manhã.
A necessidade de assegurar protecção contra a injustiça laboral praticada pelo patronato está a resultar na aderência de grande parte dos trabalhadores do sector “devido ao intenso trabalho de advertência que temos vindo a efectuar de forma a que o patronato garanta o mínimo de condições de trabalho aos seus assalariados”, salientou aquele responsável.
A precariedade dos contratos laborais constitui um dos principais desafios do sector do caju, segundo ainda o sindicalista, salientando que a maioria das fábricas paga remunerações aos seus trabalhadores apenas durante as campanhas agrícolas, “isto porque no fim de cada campanha são obrigados a mais uma ronda negocial para continuarem a trabalhar na época seguinte”, acrescentou.
CORREIO DA MANHÃ – 26.04.2010