SR. DIRECTOR!
Quando me passa pelos ouvidos, o termo corrupção me parece nada menos, nada mais como o nosso pão de cada dia, porque não restam dúvidas a ninguém que em Moçambique esta prática não tem fronteiras nem limites. Ela por si manda, sem mais ninguém.É certo que a corrupção pode-se combater, mas a mim ainda me restam tantas inquietações, porque esta prática ilícita dificilmente se irá encontrar o seu epicentro.
Lembro-me que há três anos, o governo lançou uma prioridade ligada ao combate à corrupção que foi baptizada por “Estratégia Anti-Corrupção”, e hoje me parece que esta estratégia só veio para plantar mais desgraça ao coitado pobrezinho, que lá se arranja debaixo de tanto sofrimento, ou seja, “à maneira de Cristo” como dizia uma vez um amigo meu. Creio eu que depois daquela estratégia ser oficialmente lançado no ano de 2006, a corrupção teve mais raízes difíceis de arrancar.
Para citar alguns pontos em que esta maléfica prática se faz sentir na carne e osso, tenho que trazer como exemplo aquilo que tenho assistido sempre quando se fala do fim do ano lectivo. O Ministério de Educação tem sido o “patrão” neste ponto, porque são os professores que sem tempo a perder fazem e desfazem de acordo com o seu desejo, escravizando assim os seus próprios alunos, vendendo-lhes notas. Sobre vagas já não se comenta, até possibilitam a compra de viaturas, por parte dos directores das escolas. Por outro lado, alguns malditos professores, abusam sexualmente das nossas irmãs, filhas, sobrinhas, primas etc. E porque não dizer do livro que todo o mundo vê escrito que é de distribuição gratuita, mas nos é vendido. E nós sem hipótese de reclamarmos, acabamos nos mantendo de boca fechada, como se isso fosse do nosso inteiro agrado, mas na realidade não temos onde ir enxugar as nossas lágrimas.
Acima de tudo isto ainda coloca cada vez mais aquele pobre pai que o pouco que tem é obrigado a fazer com que toda a família viva dias tristes de tanta fome, só porque precisa de ver o seu filho passar, admitido num exame, ou porque este mesmo sabendo, o tal professor faz de tudo para que se lhe entregue o dinheiro. Coitadinho!
Sobre a área da Saúde já não se fala, passou de mal a pior, é um caos total, porque como diz o velho ditado português que “nem tudo que brilha é ouro”, são medicamentos que nos são cobrados ilicitamente, quem não tem dinheiro que desenrasque ou que vá caçar ratos. O que pesa ao pobre como se tivesse a carregar todo o pecado do mundo, é que para ser atendido numa unidade hospitalar apenas precisa de esperar a bênção de Deus, caso contrário, ou seja quem não tiver esta sorte vê o seu destino assim traçado ali no banco de espera.
O sector policial é outro caos que me preocupa, porque a justiça para eles não serve. O que fala mais alto, ou com voz viva é o dinheiro, só para referir que para além de desempenharem com as suas obrigações, de ordem pública, só vão à caça de notas, ou simplesmente moedinhas, para encherem os bolsos, usando o termo “fala como homem”.
Eu pergunto para onde é que vamos com esta brincadeira de mau gosto? Mas como salienta o ditado que “a esperança é última a morrer”, devo esperar que depois do encontro havido na cidade da Beira há dias atrás, orientado, se a memória não me trai, pelo ministro da Educação e outras individualidades do governo, com a presença de alunos, encarregados de educação e professores, traga mudanças desejáveis. E deixe-me que diga a quem de direito que aumente salário para este polícia, professor, enfermeiro, e porquê não a todo o funcionário público. Deve-se ainda apertar o cerco e quem sabe esta será a arma mais forte para vencermos este “bicho-de-sete-cabeças”. chamado corrupção. Apelo às entidades competentes que façam isso, nós queremos gritar viva, depois de termos vencido a corrupção. Porque senão …- Amós Fernando Zacarias