A primeira ala representada por oito partidos, nomeadamente Frente Liberal, PADEMO, PUD, PRDS, PURE, PEMO, PACODE e MPD, chamou ontem a Imprensa para se distanciar do grupo liderado por José Viana, que substituiu no cargo de presidente do CPDM, Miguel Mabote.
Segundo Matias Banze, coordenador do CPDM indicado pela direcção de Francisco Campira, a atitude demonstrada pela direcção cessante (liderada por Miguel Mabote), demonstra uma gritante falta de sentido democrático.
“Não há dúvidas que o senhor Miguel Mabote não quer deixar o poder. Ele quer o poder a todo o custo porque é um ditador. Não sabe jogar o jogo democrático”, sublinhou o novo coordenador do CPDM.
Acompanhando pelos líderes de oito partidos que também fazem parte do elenco directivo de Francisco Campira, o político afirmou ainda que esta não é a primeira vez que Miguel Mabote “faz de tudo para agarrar-se ao poder”.
“Há um ano, ele protagonizou uma grande confusão para suceder André Balate (líder do PARENA), na presidência do CPDM. Ele tem de compreender que o CPDM não é uma organização privada. O CPDM é uma organização de todos nós e ele rege-se por regras adoptadas e reconhecidas pela maioria”, enfatizou.
Sustentado a sua afirmação, Matias Banze, exibiu uma série de documentos, entre actas, cartas e reformas introduzidas nos estatutos da organização, afirmando que o seu grupo está a observar escrupulosamente as regras estabelecidas para o funcionamento do CPDM, criado em 2004 para abrir um espaço de interacção técnica entre as organizações políticas nacionais e não só.
Por sua vez, Miguel Mabote, depois de se distanciar das acusações “sem fundamento” que lhe são dirigidas, disse estar a agir dentro daquilo que são os estatutos em vigor no CPDM. “Acusam-me de usurpar o poder. Eu já manifestei a vontade de não continuar à frente do CPDM. Eu sempre disse que quero sair mas quero sair obedecendo às regras existentes e essas regras dizem que a direcção cessante deve reunir-se e propor um novo presidente, de entre os que manifestarem o desejo de ocupar o cargo de presidente”, explicou.
Elucidou que tal procedimento foi cumprido, e das candidaturas apresentadas, a direcção de que é líder optou por escolher o manifesto de José Viana, por alegadamente apresentar um programa de actividades proactivo, “muito melhor que os apresentados por Francisco Campira, do PASOMO e por Neves Serrano, do PPPLM” .
“É nesta base que a direcção cessante convocou a assembleia geral da organização, órgão que ractificou a nossa proposta, daí se ter decidido investir José Viana no cargo de presidente do CPDM”, afirmou o nosso interlocutor.
Tal como o grupo liderado por Francisco Campira, Miguel Mabote disse que a sua ala respeitou escrupulosamente os estatutos e outros documentos internos em vigor no CPDM para realizar esta sucessão.
“Eles afirmam que estão a observar os nossos estatutos. Que estatutos? Porque os estatutos em vigor no CPDM são pela rotatividade da direcção num prazo de um ano e não prevêem eleições para uma presidência de dois anos. O que eles estão a implementar são reformas que procuramos fazer mas que ainda não estão ratificadas por quem de direito, daí não valerem, pelo menos por enquanto”, disse Mabote, visivelmente agastado.