Falando terça-feira em Joanesburgo no âmbito da sua visita de trabalho à África do Sul, Helena Taípo afirmou que são “mais de mil viúvas que se fazem acompanhar de seus filhos que aguardam pelo pagamento de pensões de viuvez a que têm direito”.
Estatísticas referentes a 2009 revelam que morreram mais de 182 mineiros moçambicanos, dos quais 178 por doença e quatro por acidentes de trabalho. Com relação ao período de 2005 a 2009, o número de mineiros parecidos na África do Sul foi de 54 trabalhadores por acidentes de trabalho e 941 por doença.
Outro dos resultados da visita de Helena Taípo à África do Sul é o iminente fim da obrigação de as viúvas e outros parentes de mineiros perecidos se deslocarem àquele país para poderem receber as pensões a que têm direito. Sobre este assunto, o cônsul de Moçambique em Joanesburgo, Luís Silva, confirmou que são numerosos os moçambicanos, sobretudo mulheres viúvas, por vezes acompanhadas de crianças, que se vêem obrigados a permanecer longos meses nos bairros da cidade abrigados em condições precárias à espera que se conclua a longa e sinuosa tramitação de documentos relativos ao pagamento de pensões.
Na agenda da ministra do Trabalho está igualmente a reorganização da delegação do seu ministério na RAS que, segundo ela, precisa ser redimensionada de forma a adequar-se, do ponto de vista de prestação, à dimensão da importância que o trabalho imigrante tem para o desenvolvimento de Moçambique. Aliás, na reunião que manteve na última segunda-feira com o colectivo de funcionários da delegação, Helena Taípo deixou uma mão cheia de advertências sobre a necessidade de os funcionários assumirem uma postura moderna em relação ao trabalho.
Pela gravidade dos problemas constatados e pela maneira contundente como manifestou o seu agastamento com a situação, Helena Taípo deixou antever para breve a introdução de mudanças na delegação do seu ministério na RAS.
Nos encontros que manteve, tanto com a direcção máxima da TEBA, como com a da Câmara de Minas, a ministra do Trabalho colocou sempre à frente a preocupação de o Governo ver melhoradas as questões da previdência social, da assistência aos mineiros, dos pagamentos deferidos e do cumprimento do acordo de trabalho de 1964, aspectos para os quais disse esperar obter respostas concretas antes de regressar ao país este sábado.
Ontem, por exemplo, a ministra visitou a Impala Platinum Holdings, Limited, em Rustenburg, que emprega 3500 trabalhadores, dois mil dos quais moçambicanos. No breve encontro que manteve com a direcção antes de escalar o interior da mina ela manifestou o desejo de que o número de trabalhadores moçambicanos aumentasse para quatro ou cinco mil, considerando que essa seria uma das maneiras práticas de manifestar o reconhecimento que se tem da excelente prestação dos moçambicanos.
Em jeito de resposta, Paul Dinne, director executivo da mina, disse que as projecções indicam que até 2020 a indústria de platina deverá necessitar de uma mão-de-obra adicional na ordem dos 63 mil trabalhadores para corresponder ao crescimento exponencial que a indústria de platina está a conhecer a nível internacional.
- JÚLIO MANJATE, em Rustenburg