EDITORIAL
Esta é a segunda visita que o Presidente Armando Guebuza realiza a Portugal desde que assumiu o poder em
No entremeio, o Primeiro-Ministro português, José Sócrates, esteve igual número de vezes em Moçambique, enquanto o Presidente português, Cavaco Silva, visitou Moçambique uma vez.
A longa história de relacionamento entre os dois povos e Estados não se pode apagar apenas com um desejo. São relações históricas que sendo bem conduzidas, podem trazer vantagens mútuas em prol do desenvolvimento da humanidade. Moçambique pode desempenhar um papel extremamente importante para a inserção de Portugal no contexto africano, sendo que no sentido inverso, Portugal poderá fazer o mesmo para Moçambique ao nível da Europa.
Uma relação de igual para igual, em que cada uma das partes acrescenta valor à outra, é o que os líderes dos dois países se devem esforçar em alcançar. O colonialismo em Moçambique acabou há quase 35 anos, e com esse fim, surgiu a liberdade para os povos dos dois países.
Num mundo globalizado, nenhum país pode se dar ao luxo de pretender viver orgulhosamente só. Há muitas oportunidades que se colocam para os dois países, apenas à espera de serem exploradas.
Mas há que evitar o estabelecimento de relações monopolistas, baseadas em sentimentos paternalistas, que se possam resumir no regresso das caravelas. Moçambique tem grandes oportunidades de investimento para empresas portuguesas em praticamente todos os ramos da economia. E Portugal pode servir de um importante mercado para produtos processados em Moçambique. O único elemento necessário é que cada um dos dois países saiba definir com clareza quais são os benefícios que pretende extrair deste relacionamento.
Mas tal como com Portugal, Moçambique tem um enorme potencial de outras oportunidades por explorar no seu relacionamento com outras nações do mundo. Essas oportunidades abarcam o sector financeiro, a indústria, a formação, o comércio, etc.
As relações de um Estado com o resto do mundo terão valor acrescentado quanto mais diversificadas elas forem, evitando ficar-se refém de sentimentos emocionais que podem afunilar o leque de opções.
Só com base neste princípio sagrado é que Moçambique e Portugal poderão conseguir extrair o melhor um do outro durante esta visita. E oxalá que assim seja, para o benefício dos dois povos e Estados.
SAVANA – 30.04.2010