Na rua, nos cafés, nos bares, nos jardins, transportes públicos e privados e mesmo em casa o debate político da actualidade é sobre as três gerações. A Geração 25 de Setembro, referente a todos moçambicanos que em diferentes frentes participaram de forma directa ou indirecta na luta de libertação nacional; a Geração 8 de Março, corporizada por todos os moçambicanos que após a proclamação da independência nacional responderam ao “chamamento da pátria” para assegurarem o funcionamento do Estado após a fuga maciça do colono e a Geração da Viragem, que congrega a todos os moçambicanos unidos no combate à pobreza. Para dissipar equívocos em torno do assunto, em particular sobre esta última, o secretário do Comité Central da Frelimo para a Mobilização e Propaganda, Edson Macuácua, disse quarta-feira em palestra proferida com jovens da Frelimo que "a viragem é necessária para acabar a pobreza".
Edson Macuácua, que é igualmente o porta-voz do partido Frelimo, socorre-se da Constituição da República, no seu artigo 73, afirmando que “o povo moçambicano exerce o poder político através do sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico para a escolha dos seus representantes, por referendo sobre as grandes questões nacionais e pela permanente participação democrática dos cidadãos na vida da nação”.
Diz ainda a lei-mãe, no seu número um do artigo 74, citado por Edson Macuácua que “os partidos políticos expressam o pluralismo político, concorrem para a formação e manifestação da vontade popular e são instrumento fundamental para a participação democrática dos cidadãos na governação do país” Edson Macuácua baseia-se ainda nas alíneas b), c) e d) número dois do artigo 75 da mesma lei afirmando que “na sua formação e na realização dos seus objectivos os partidos políticos devem, nomeadamente defender os interesses nacionais; contribuir para a formação da opinião pública, em particular sobre as grandes questões nacionais e reforçar o espírito patriótico dos cidadãos e a consolidação da nação moçambicana”. Devem ainda, acrescenta o número três da mesma lei “contribuir, através da educação política e cívica dos cidadãos para a paz e estabilidade do país”.
É dentro do preceituado da Constituição da República que o debate sobre as três gerações ganha enquadramento e envolvimento activo da Frelimo.
35 ANOS DA INDEPENDÊNCIA TRÊS GERAÇÕES UM SÓ POVO
Edson Macuácua referiu que numa altura em que Moçambique festeja os 35 anos da proclamação da independência torna-se imperioso falar das gerações que contribuíram de uma ou de outra maneira para o nascimento do Estado moçambicano – a geração 25 de Setembro – dos que consolidaram esse mesmo Estado – geração 8 de Março – e dos que têm a pesada responsabilidade de lutar contra a pobreza – a geração da viragem.
Edson Macuácua explicou que em 35 anos da independência nacional registaram-se no país vários momentos históricos e para esclarecer possíveis subjectivismos em torno desses momentos convencionou-se a palavra geração.
Sobre a primeira geração, a geração 25 de Setembro, o secretário do Comité Central para a Mobilização e Propaganda explicou que esta é corporizada por todos os moçambicanos que tiveram uma contribuição decisiva no nascimento do Estado moçambicano. Anteriormente, segundo Edson Macuácua existiu um grupo de moçambicanos cujos feitos não tinham em vista a criação ou defesa da nação. Tal grupo lutava em defesa dos seus interesses e não tinha uma visão nacionalista, ou seja, não tinha em vista a criação do Estado uno e indivisível.
“E ao se convocar a geração 25 de Setembro foi para romper com essa falta de visão nacionalista desse grupo de moçambicanos e partir-se para a união em prol da criação da nação moçambicana. Este é o grande mérito dos moçambicanos que corporizam a geração a que se convencionou chamar de 25 de Setembro. Aliás, segundo o palestrante, a data 25 de Setembro é simbólica e caracteriza, ou seja, identifica o início da luta armada de libertação nacional. Foi nessa data que Eduardo Mondlane proclamou a insurreição geral armada do povo moçambicano contra o colonialismo português, facto que não tinha acontecido antes”, disse.
Acrescentou que um dos grandes méritos desta geração foi ter combatido até à conquista da independência nacional.
“É pois, chamada de geração da unidade ou geração da independência, pois uniu-se e realizou o sonho secular de tantas outras gerações”, explicou Edson Macuácua.
Referiu ainda que com a independência nacional criou-se o Estado moçambicano. Pouco tempo depois houve uma fuga maciça dos técnicos portugueses, sendo que esse mesmo Estado corria o risco de se eclipsar.
O partido Frelimo, que acabava de proclamar a independência nacional, identificou o vazio que se criou com a fuga de técnicos portugueses de todos sectores de actividade e tomou a decisão histórica de interromper os estudos de vários moçambicanos, em encontro realizado pelo Presidente Samora Machel, no pavilhão dos desportos do Clube da Maxaquene, instando-os a responderem ao chamamento da pátria.
“Esta é outra geração – a geração 8 de Marco”, explica o porta-voz da Frelimo.
Rejeitou a ideia de que esta geração seja corporizada apenas pelo grupo de 500 ou 600 jovens presentes na reunião da Maxaquene, afirmando que a mesma integra todos os moçambicanos que em todas as frentes, saúde, educação, sector têxtil, obras públicas, defesa, entre várias outras, responderam ao chamamento da pátria.
Segundo Edson Macuácua, estes moçambicanos asseguraram o funcionamento do Estado, consolidando-o e muitos deles continuam ainda hoje em diferentes frentes lutando pelo bem-estar dos moçambicanos.
E A VIRAGEM?
De acordo com Edson Macuácua, a viragem “é o momento histórico em que o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza lança o desafio para todos os moçambicanos de luta contra a pobreza. E tal desafio, segundo Edson Macuácua, é lançado não só para a juventude, mas sim para todos os moçambicanos, independentemente da sua cor política, idade ou sexo ou crença religiosa.
A missão desta geração, segundo o porta-voz do partido, é cumprir a agenda nacional de luta contra a pobreza.
Esta geração apresenta duas características, sempre vincadas pelo Presidente da República: a auto-estima, ou seja o gostar de si próprio, atribuir-se valor pois ninguém se deve abandonar e a auto-confiança. Cada um dos moçambicanos deve ser capaz de fazer algo para o seu bem e para o bem do seu próximo.
“A viragem é por assim dizer necessária e possível. O que está em causa é como pô-la em prática. Como fazer para acabar com a pobreza, produzindo dinheiro. Não há uma fórmula aritmética, mas há um desafio que se lança que é a viragem” explicou.
Acrescentou que tal viragem começa a ser notada na província, no distrito, na localidade e em casa de cada moçambicano com a locação dos sete milhões anuais ao distrito, destinados a combater a pobreza.
“É uma decisão única e exemplar no continente e no mundo esta tomada pelo Presidente da República. Ele já está contribuir para acabar com a pobreza. Que cada um de nós faça a sua parte”, salientou.