Não foram apontados dados estatísticos sobre o assunto mas, a avaliar pela frequência dos casos, em alguns distritos da província, as autoridades já mostram a sua inquietação quanto aos fenómenos.
Um informe apresentado, recentemente pela Procuradoria Provincial à Procuradoria-geral da República (PGR), indica que nas cadeias de Gaza, um número considerável de suspeitos está detido indiciado de envolvimento nalgumas mortes. Os envenenamentos têm como protagonistas jovens e adultos, enquanto que as vítimas linchadas, supostamente envolvidas em actos de feitiçaria, são idosos. Ainda para o primeiro caso, são apontadas como causas das mortes, disputas de propriedades e conflitos passionais.
Já no que diz respeito a casos de linchamentos, tudo indica que os idosos são alegadamente responsáveis pelo azar que toma conta dos mais novos nas respectivas famílias.
Depois de ouvir relatos do triste cenário, o Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, que naquela parcela do país visitou algumas instituições do sector, explicou que para os casos de morte supostamente resultantes de envenenamento, deve haver maior cautela.
Ao que indicou, assim que os mesmos forem reportados é imperioso que as famílias não se apressem em fazer os funerais, antes da Polícia de Investigação Criminal realizar a natural perícia aos corpos. Para ele, só com um exame minucioso aos corpos de pessoas supostamente mortas por envenenamento, é que se poderá dizer, com exactidão, o que terá acontecido.
Às vezes se pode pensar que a pessoa foi envenenada quando, na verdade, a morte foi provocada por uma outra razão. Isso pode nos levar a prender pessoas inocentes, quando a causa de morte foi outro. Por essa razão, temos que aconselhar as pessoas a esperarem pela chegada das brigadas técnicas da PIC para efectuarem exames aos cadáveres para, com precisão, se afirmar o que terá tirado a vida aos nossos concidadãos.
Portanto, não se pode falar de envenenamento sem recolher as provas ou outras amostras que nos permitam fazer uma análise acabada sobre o assunto, sob pena de se avançar com processos, detenções, julgamentos até condenações de pessoas inocentes, para depois se concluir, na verdade não houve delito” – apontou o PGR.
Em Manjacaze, um dos distritos onde se regista com alguma frequência a ocorrência de casos do género, a Juíza-presidente do Tribunal Judicial Distrital, Amina Ali, disse que uma das vias que se está a usar para contrariar o cenário, é a realização de palestras nas comunidades onde, uma das principais mensagens que tem a ver com a necessidade das pessoas não enveredarem por caminhos incorrectos para fazer justiça.
“O que temos dito à população é que as instituições apropriadas existem para resolver os demais problemas. No lugar de tirar a vida a alguém, devem encaminhá-lo a quem de direito, expôr o problema de modo a ser resolvido” – explicou Amina Ali.
Aliás, o Procurador Geral da República pediu aos magistrados Judiciais e do Ministério Público, assim como a Polícia e aos dirigentes de Gaza, para dialogarem cada vez mais com a população no sentido de desencorajá-la a fazer justiça pelas próprias mãos, mas sim procurar vias legais para resolver os seus problemas.