Estas senhoras, que se intitulam humanistas, querem acabar com os feriados de 5 de Outubro e do 1.º de Dezembro por razões economicistas?! E além destes dois, querem fazer o mesmo a dois religiosos (para compensar…) – o de Todos-os-Santos e o do Corpo de Deus. Em relação ao primeiro (1 de Novembro) trata-se de uma grande provocação à tradição enraizada na sociedade, da visita anual aos cemitérios, para se lembrar os entes queridos, que já partiram… Apesar de, com o afirma a Igreja Católica, o dia dos fiéis defuntos ser o 2 de Novembro.
Datas estruturantes da Pátria
Não haverá falta da dita ética republicana, muitas vezes utilizada no debate político por elementos do PS, como o poeta Alegre, em vir fazer uma proposta destas precisamente quando estão a decorrer as comemorações do centenário da Implantação da República?
Considero completamente disparatado querer abolir duas datas que são estruturantes da Pátria Portuguesa: a Restauração da Independência e a Implantação da República. Numa altura de grave crise económica, serão propostas mesquinhas como estas, com falta de sentido cívico, e com um oportunismo confrangedor, que nos irão tirar do “beco sem saída” onde nos enfiaram?
Na sequência da apresentação desta proposta, que dizem não ter o apoio do líder da bancada parlamentar do PS, logo emergiu uma designada “Associação República e Laicidade”, que ninguém sabe quem a constitui (pelo menos não assinam os comunicados que aparecem na Imprensa), a querer acabar com todos os feriados religiosos !!! Assim mesmo!
Então estes senhores (e senhoras, pois também existem lojas maçónicas femininas), não viram as multidões que estiveram em Fátima e na Avenida dos Aliados, no Porto, a acolher recentemente o Papa Bento XVI, além das restantes concentrações da capital? Quer queiram quer não, Portugal é um País católico e faz questão de continuar a ser.
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Outro conceito que estas deputadas querem introduzir é o da dita “mobilidade” para a sua celebração, isto é, em vez de o fazer na sua data, “puxá-lo” para junto do fim de semana mais próximo. Em relação a alguns feriados religiosos tal poderá ser aceitável; mas fazê-lo com o Dia de Portugal, como igualmente faz parte da proposta de Rosário Carneiro? Isso seria dar mais uma “cajadada” no espírito patriótico e anti-iberista, que ainda vai subsistindo na sociedade portuguesa, apesar dos “ventos de Espanha” que sopram de vez em quando… Ainda há dias numa universidade espanhola, um grupo veio dizer que, numa sondagem levada a efeito em Portugal, 50% dos portugueses estavam interessados numa federação entre o nosso País e a Espanha…
A Dr.ª Carneiro e a Dr.ª Venda, além do 10 de Junho, queriam que o 25 de Abril, o 1.º de Maio, o 15 de Agosto (Assunção) e o 8 de Dezembro (Sr.ª da Conceição) passem a ser “móveis”. Considero que tal apenas poderia ir por diante depois da negociação com os Partidos políticos e uma auscultação da Igreja.
Como referi, em relação aos feriados religiosos, como o da Assunção e o de Corpo de Deus, não vejo qualquer impedimento em aceitar tal mobilidade, mas fazê-lo em datas históricas tão importantes, como o Dia de Portugal, o Dia da Implantação da República ou o Dia da Restauração, julgo não existir qualquer cabimento, nem argumentação válida para o fazer.
Medidas de austeridade… para os outros
É curioso comparar aquilo que políticos ingleses e franceses antecipam em termos de medidas restritivas, com o que é praticado pelas elites partidárias portuguesas. Assim, num jornal diário alfacinha, hoje publicado, pode ler-se:
“(…) Os ministros (ingleses) deverão andar a pé ou usar os transportes públicos”, anunciou o director do Tesouro, o liberal-democrata David Laws, explicando que os membros do Governo e directores dos serviços vão deixar de ter carro e motorista atribuído.”
Em França, segundo o Le Parisien, passarão a haver salões (do Ministério de Negócios Estrangeiros) arrendados para festas, recepções mais pequenas e, além das restrições nos transportes oficiais, nalgumas instalações governamentais, as flores naturais já foram substituídas por outras de plástico!!!. E num deslocamento aéreo recente a Munique, a ministra do Ensino Superior e toda a delegação viajaram em 2.ª classe.
E em Portugal como é? Exactamente na mesma altura, uma delegação da Assembleia da República em viagem aérea para um país europeu, talvez por se considerarem “gente grande”, foram todos em executiva, apesar de haver uma proposta (ainda não aprovada) para limitar gastos e passarem a deslocar-se em “turística”...
São os nossos representantes que temos e merecemos…
Manuel Bernardo
29-5-2010