DE ACORDO COM UM ARTIGO DO PRESTIGIADO THE NEW YORK TIMES
O contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, considerado pelos Estados Unidos um barão da droga, foi apresentado pelo The New York Times como uma pessoa que actualmente tem verdadeiro poder na Guiné-Bissau.
“Se bem que o Presidente (Malam Bacai Sanhá) esteja ainda formalmente em funções, autoridades da região preocupam-se por a nação ter efectivamente
caído nas mãos” do antigo chefe do Estado-Maior da Armada, escreveu terça-feira aquele jornal norte-americano.
Durante meses, enquanto o Departamento de Tesouro se preparava para o considerar uma grande figura no narcotráfico internacional, José Américo Bubo Na Tchuto encontrava-se escondido na representação das Nações Unidas em Bissau, destacou o articulista.
No dia 1 de Abril, soldados leais a Bubo Na Tchuto entraram no edifício da ONU e resgataram-no, enquanto detinham o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior e o Chefe do Estado-Maior General, almirante Zamora Induta.
“Bubo Na Tchuto é a força por trás de todas as outras forças”, disse à reportagem o director político da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Abdel Fatau Musah. “O facto de ele estar a controlar as coisas é muito desagradável”.
Numa entrevista dada a um colaborador do The New York Times, o representante da ONU em Bissau, Joseph Mutaboba, ruandês, disse que só relutantemente é que recebera Na Tchuto, que andava fugido e que passara mais de um ano na Gâmbia,
“Não podemos adivinhar o que é que os militares andam a preparar, especialmente quando temos alianças oportunistas, que vão mudando”, desculpou-se Mutaboba.
Bubo Na Tchuto actuou em consonância com o vice-chefe do Estado-Maior General, António Indjai, mas, entretanto, alguns conhecedores da realidade guineense já admitem que os dois acabarão por se virar um contra o outro, na sucessão de confrontos em que o país é pródigo.
Situação indefinida
Por enquanto, o Estado-Maior não tem titular no exercício de funções, pois que Zamora Induta continua detido, no quartel de Mansoa, a
“Sou um patriota!”, vangloriou-se Na Tchuto, que disse ter entrado aos 14 anos para a luta armada travada pelo PAIGC contra a administração colonial portuguesa, logo na década de 1960.
Por outro lado, afirmou não compreender como é que Washington o acusa de narcotraficante, ele que até “admira profundamente a América, sonhara com o
Presidente Obama e tem na sala uma grande bandeira americana”.
Interrogado sobre se é ou não actualmente o verdadeiro senhor da Guiné-Bissau, o contra-almirante afirmou, por intermédio do seu advogado, que “não quer ofender” o Presidente Sanhá nem outras entidades respondendo a esta pergunta.
“A situação está incontrolável”, resumiu o empresário e antigo candidato presidencial Idrissa Djaló, líder do Partido da Unidade Nacional.
(J. Heitor)
CORREIO DA MANHÃ – 27.05.2010