O país comemorou na última sexta-feira, a passagem dos 35 anos da independência nacional. Numa cerimónia colorida e bastante concorrida, vários convidados entre Chefes de Estado e de governo, antigos estadistas africanos e corpo diplomático acreditado no país, estiveram presentes na festa que se prolongou até quase madrugada de sábado com o espectáculo que decorreu na Praça da Independência, local que acolheu as cerimónias centrais.
Falando na ocasião, o Presidente da República começou por trazer o conceito da independência proclamado a 25 de Junho de 1975, pelo então presidente Samora Moisés Machel. Depois fez uma retrospectiva do longo período que se seguiu até ao momento actual.
No balanço dos 35 anos da independência Guebuza garantiu que o país tem estado a demonstrar que está a conseguir fazer face aos desafios que a liberdade colocou aos moçambicanos, apesar de alguns recuos próprios da vida.
Em forma de exemplificação, o PR moçambicano foi buscar o incremento e consolidação do diálogo político que faz com que o país conseguisse manter a paz conquistada em 1992, pondo termo ao conflito armado que opunha as forças governamentais ao antigo movimento armado, a Renamo.
O Presidente da República elogiou as Forças de Defesa e Segurança pelo empenho abnegado e cumprimento integral da sua missão no “cultivo do patriotismo, da unidade nacional, da moçambicanidade, da cultura do amor, da defesa da independência nacional, preservação da soberania e da integridade territorial, bem como, na manutenção da lei, ordem e tranquilidade públicas e na participação exitosa e exemplar em missões de paz da União Africana e das Nações Unidas.
É em reconhecimento destes feitos que o governo moçambicano decidiu galardoar as Forças de Defesa e Segurança com a Medalha Eduardo Mondlnae do Primeiro Grau. A cerimónia deverá ter lugar brevemente, segundo prometeu o PR moçambicano.
Guebuza fez também menção as conquistas e premiações que os artistas nacionais de várias áreas tem estado a receber, tanto ao nível local assim como além fronteiras.
A imprensa mereceu, igualmente, destaque no pronunciamento do PR.
“A nossa imprensa merece destaque pelo seu crescimento ao longo destes 35 anos, quer em quantidade quer ainda em extensão pelo território nacional e capacidade de projectar Moçambique, em Moçambique e no exterior” - reconheceu Guebuza.
A viragem e o combate à pobreza
Apesar de muitas reticências e questionamentos que ainda se colocam sobre o real significado da geração da viragem, assim como a real dimensão e os objectivos pretendidos com esta denominação, o PR, ao seu estilo característico, voltou a colocar a geração da viragem, como a que precisa de dar a sua grande contribuição para a erradicação da pobreza, o cavalo de batalha do discurso governamental.
Para ele, estar à altura dos desafios da liberdade não significa a eliminação imediata da pobreza e suas manifestações, mas sim, “é ter consciência de que nós nos podemos libertar da pobreza mental para acreditarmos que o nosso sonho está e vai continuar a realizar-se” – disse para depois continuar “o fim da pobreza, antes de ser o que vemos, começa por ser aquilo que visualizamos na mente. A nossa auto estima é fundamental nesta mudança de atitude”.
O discurso reiterado da pobreza mental não tem caído bem em alguns sectores da sociedade moçambicana, principalmente os mais pobres ou empobrecidos, pois as populações dizem tudo estarem a fazer para sair da pobreza, mas a mão das autoridades governamentais muito tem faltado para criar sinergias com o trabalho das populações. Muitas vezes, colocam exemplos relacionados com falta de vias de acesso para escoar produtos alimentares, a falta de energia para criar empreendimentos e, nalgumas vezes, alegadas perseguições de pequenos empresários que não se identificam com o partido no poder.
mediaFAX - 28.06.2010