HOJE é um dia histórico para a África em geral e para Moçambique em particular. O continente assinala o Dia da Criança Africana, acontecimento que lembra a hecatombe cometida há 34 anos pelo regime repressivo do "apartheid" contra jovens estudantes no Soweto, redondezas de Joanesburgo, na África do Sul, que se insurgiam contra a segregação racial no sistema de educação naquele país. Cá entre nós a efeméride reveste-se de duplo significado: Há cinquenta anos, no distrito de Mueda, na província de Cabo Delgado, o regime colonial português, usando e abusando da sua superioridade militar abriu fogo contra um grupo de moçambicanos que exigiam pacificamente a sua autodeterminação, matando mais de 500 pessoas. Por outro lado, foi em 1980 que o então Presidente Samora Moisés Machel anunciou à nação a criação da moeda nacional – o Metical – em substituição do escudo português – passam hoje 30 anos.
O “CRIME” cometido pelos moçambicanos mortos indiscriminadamente em Mueda foi de terem exigido às autoridades coloniais o seu direito à autodeterminação. E porquê esta exigência? Os moçambicanos estavam cansados da exploração e da opressão, do trabalho forçado, do xibalo, das prisões e da constante incerteza do amanhã.
Portanto, o 16 de Junho ensina, que só com a união se pode vencer seja qual for o obstáculo que se instale no seio de um povo ou de uma nação. “a união faz a força” – lá diz o velho adágio popular. O povo sul-africano, unido, venceu o “apartheid”. Os moçambicanos, unidos, venceram o colonialismo. A África, unida, está independente.
TODAS AS ATENÇÕES VIRADAS PARA MUEDA
HOJE, as atenções de todos os moçambicanos estão viradas para o distrito de Mueda, local do massacre, onde o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza vai orientar as cerimónias centrais alusivas aos 50 anos da chacina perpetrada pelo regime colonial.
Armando Guebuza encabeça uma comitiva que engloba governantes a todos os níveis e convidados. Estima-se que mais de 40 mil pessoas estejam presentes nestas comemorações, segundo números avançados recentemente pelo administrador distrital, Leôncio Julai.
Em recente entrevista ao “Notícias”, Julai disse que tudo foi preparado ao pormenor para permitir que as celebrações ocorram sem sobressaltos. Uma comissão de preparação do evento foi antecipadamente criada e vem trabalhando em diferentes sectores, nomeadamente coordenação, logística, transporte, protocolo, saúde, segurança, comunicação e Imprensa, entre outros.
Até aos dias que correm o distrito se desdobrava na criação de condições para a acomodação dos cerca de 40 mil convidados ao evento. A população foi mobilizada para ceder as suas casas para os hóspedes, uma vez que as sete pensões existentes, representando 129 camas, não são suficientes para acomodar os presentes.
“Mobilizamos a população e conseguimos pouco mais de 800 camas”, referiu na ocasião, Leôncio Julai.
Alias, a outra dificuldade relaciona-se com o fornecimento de energia. A vila se abastece de meios alternativos. Ou seja, possui uma central com a capacidade para 250 litros. possuindo em média 35 litros por hora, a sua utilização por várias horas se torna bastante onerosa, sabido o quão são elevados os preços dos combustíveis.
Em vários pontos da vila foram colocados meios alternativos para o abastecimento de água à população. Aliás, a rede de abastecimento de “água foi ampliada e melhorada passando do uso de motobombas para as novas tecnologias, ou seja para as electrobombas.
“Neste aspecto não temos motivos de queixas. Estamos bem”, confessou na ocasião, o administrador Leôncio Julai.
Quanto as cerimónias propriamente ditas, sabe-se do administrador distrital que está preparada uma peça teatral reeditando o que na verdade se passou naquele 16 de Junho de 1960.
“Os jovens estão a ensaiar o teatro há vários meses e esperamos que tudo seja um sucesso”, disse o interlocutor.
Também estão a ser levadas a cabo palestras alusivas a efeméride e várias actividades inerentes a data, nomeadamente ginástica massiva envolvendo mais de 400 crianças.
Finalmente, o Presidente da República se dirigirá à nação, a partir de Mueda para falar sobre a importância do 16 de Junho para a vida dos moçambicanos e do que deve ser feito para consolidar cada vez mais a independência, aprofundar a democracia e partir para um rápido desenvolvimento sócio-económico.

CORAGEM DOS MOÇAMBICANOS
A FRELIMO considera que o massacre levado a cabo pelo regime colonial em Mueda reveste-se de um significado histórico singular pois, denuncia a brutalidade do sistema colonial português, simboliza a coragem dos moçambicanos na luta de resistência anti-colonial; revela que não havia condições para o diálogo e que a luta de libertação era a única via para a conquista da independência nacional; e indica ainda que dispersos, divididos não seria possível vencer o colonialismo. Ensina igualmente que só unidos do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico é que poderíamos lograr libertar a terra e os homens.
Segundo a mensagem, foi em face destas ilações apreendidas que dois anos depois do Massacre de Mueda emerge a Frelimo que sob a liderança do Presidente Eduardo Mondlane une os Moçambicanos do Rovuma ao Maputo, no dia 25 de Junho de 1962 e a 25 de Setembro de 1964 desencadeia a luta de libertação nacional.
“Os mártires do massacre de Mueda simbolizam a sagacidade dos moçambicanos na resistência secular contra a dominação estrangeira. O sangue derramado pelos mártires do massacre de Mueda reforçou o espírito de revolta contra a dominação colonial e serviu de fonte de inspiração, que impulsionou os moçambicanos a se unirem, para de forma organizada desencadear a luta pela independência nacional o que se concretizou com acção dos moçambicanos da “geração do 25 de Setembro” que transformou o sonho e desejo dos mártires de Mueda em realidade, com a conquista da independência total e completa do nosso Moçambique, proclamada a 25 de Junho de 1975”, sublinha a mensagem.
De acordo com a mensagem, a celebração do 50º aniversário do massacre de Mueda, revela que Moçambique é um povo heróico, um povo rico em história, um povo com orgulho pelo seu passado, com elevado sentido de auto-estima.
Neste sentido e em homenagem aos mártires do massacre de Mueda, a Frelimo exorta a geração da viragem, para que inspirada nos valores da gesta libertadora, participe de forma mais activa na luta contra à pobreza, para construir um Moçambique cada vez mais próspero, rico e livre da pobreza, cientes de que tal como ontem unidos vencemos o colonialismo, hoje unidos venceremos à pobreza.
NOTA:
Insisto: onde estão os historiadores honestos de Moçambique? É triste que deixem continuar a propalar uma história inventada. Não só quanto ao número de mortos(sempre de lamentar), como das reais razões da manifestação. Aliás as fotos que acompanham este texto são de uma reconstituição. Não do dia 16 de Junho de 1960, como alguns poderão considerar. Aliás, onde estão os órgãos de comunicação social que se intitulam de "independentes"?
Não deixem de ver http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/massacre_mueda_16061960/
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Fernando Gil