A construção da baragem de Mpanda Nkua está dependente da garantia de que a energia será adquirida pela sul-africana Eskom, afirmou o presidente da Hidroeléctrica de Mpanda Nkua (HMN).
Egídeo Leite, presidente da HMN, a empresa constituída para gerir o futuro aproveitamento hidroeléctrico, disse que para se tornar viável a barragem tem de fazer parte dos planos de obtenção de energia da Eskom.
Leite precisou que Mpanda Nkua "é um dos projectos que concorrem à inclusão na lista IRP2, que é o plano energético da África do Sul para os próximos cinco anos" e acrescentou que a selecção será anunciada em Junho próximo.
Só então, prosseguiu Egídeo Leite, é que é possível assinar um contrato de fornecimento da energia de Mpanda Nkua com a Eskom e só na posse desse contrato é que os bancos aceitam financiar a construção da barragem.
"Assim sendo, o início da construção de Mpanda Nkua em 2011 está inteiramente dependente da África do Sul", resumiu o presidente da HMN.
No entanto, mostrou-se confiante de que a África do Sul irá adquirir a energia de Mpanda Nkua, uma vez que a barragem vai produzir energia limpa, no âmbito de um mercado regional que obtém a maior parte da sua electricidade, particularmente na África do Sul, com centrais térmicas abastecidas a carvão.
Egídeo Leite disse ainda que até à data a HMN tem estado a trabalhar com o Standard Bank (o mais antigo banco comercial em Moçambique) no sentido de serem contactadas outras instituições que possam estar interessadas em participar no financiamento do projecto.
Notícias publicadas na imprensa têm repetidamente afirmado que o Exim Bank da China iria financiar a construção de Mpanda Nkua mas Egídeo Leite garantiu não ter qualquer informação de que o banco chinês tenha contactado o Standard Bank.
"E se o tiver feito será mais evidente que será o Standard Bank a fazer a apreciação financeira da proposta", disse ainda, para acrescentar que numa fase inicial 90 por cento da energia produzida na barragem será vendida à África do Sul com os restantes 10 por cento a serem adquiridos pela estatal Electricidade de Moçambique.
O custo total de Mpanda Nkua está estimado em 2,9 mil milhões de dólares, valor que inclui a linha de transmissão para a subestação de Matabo, onde se ligará à rede da África do Sul.
Os accionistas da HMN são o grupo brasileiro Camargo Corrêa, com 40 por cento, a Energia Capital (do grupo moçambicano Insitec), também com 40 por cento, e a Electricidade de Moçambique com os restantes 20 por cento.
O SÉCULO DE JOANESBURGO – 24.05.2010
NOTA:
Recordo que Cahora-Bassa também só foi cosntruida depois de um acordo com a África do Sul, depois muito contestado pela FRELIMO. Afinal, a História repete-se...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE