O General António Indjai foi, esta sexta-feira, nomeado como novo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
A nomeação foi feita pelo Presidente Malam Bacai Sanhá, horas depois da embaixada norte-americana no Senegal ter emitido uma forte declaração sobre a Guiné-Bissau.
Os EUA avisaram os guineenses que não se envolverão nos esforços internacionais para a reforma das forças armadas guineenses a menos que estas afastem alegados 'barões da droga'.
Em Abril, os EUA indicaram os nomes de dois altos oficiais guineenses tidos como narco-traficantes, dias depois de um motim ter afastado do cargo o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, José Zamora Induta.
O motim foi liderado por António Indjai, até então adjunto de Zamora Induta.
Na altura, Indjai mandou prender Induta e o Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior.
Apesar mesmo de ter proferido ameaças de morte contra o chefe do governo, mais tarde Indjai minimizou o incidente.
Por sua parte, o Presidente Bacai Sanhá referiu que o motim de 1 de Abril havia sido "apenas uma confusão entre soldados".
Nos últimos anos, a Guiné-Bissau transformou-se numa 'placa giratória' para o trânsito de cocaína traficada da América Latina para a Europa.
Essa condição causou ao país uma enorme instabilidade política.
A Guiné-Bissau tem, na sua costa atlântica, mais de 80 ilhas pouco povoadas que são usadas pelos narco-traficantes.
Influência
Em Abril, o chefe da Força Aérea da Guiné-Bissau, Ibrahima Papa Camará, e o antigo chefe do Estado-Maior da Armada, José Américo Bubo Na Tchuto, foram indiciados pelos EUA como 'barões da droga' e os seus bens em território norte-americano foram congelados.
A declaração da embaixada norte-americana no Senegal fez saber que estava alarmada com o contínuo envolvimento dos dois homens no tráfico de drogas.
A declaração questionou o controlo do governo sobre as forças armadas, uma vez que Zamora Induta continua detido pelos amotinados.
"Será impossível aos EUA contribuirem para o processo de reforma [das forças] de segurança e de defesa se estes e outros indivíduos implicados no narco-tráfico forem nomeados ou continuarem a servir em posições de autoridade nas forças armadas," disse a declaração.
O documento também dizia que "o governo norte-americano espera trabalhar com o governo da Guiné-Bissau para afastar os indivíduos em posições de autoridade que usam os seus poderes e influência para facilitar o narco-tráfico".
Analistas dizem que Bubo Na Tchuto continua a gozar de grande influência 'nos bastidores'.
Ele foi posto em liberdade a seguir ao motim de Abril, depois de se ter escondido, em Dezembro de 2009, num edifício das Nações Unidas em Bissau.
Bubo Na Tchuto regressara secretamente à capital depois de um ano exilado na Gâmbia, a seguir a alegações que o ligavam a uma tentativa de golpe de Estado em 2008.
BBC – 25.06.2010